Activistas querem que o Governo proíba a entrada do anti-inflamatório "diclofenaco" pelas consequências que pode ter para a conservação de algumas espécies
Um grupo de biólogos e ambientalistas pretende que o Governo proíba a entrada no mercado do anti-inflamatório "diclofenaco", de uso veterinário, pelas consequências que pode ter para a conservação de algumas espécies, revelou esta segunda-feira uma fonte académica.
Coordenados em Portugal pela Universidade de Aveiro (UA), cientistas portugueses e espanhóis estão no terreno para apresentarem ao Governo as provas de que o medicamento em causa pode comprometer a sobrevivência de algumas aves, tal como aconteceu na década de 90, no sul da Ásia, com abutres.
O grupo antevê que, se o Governo der "luz verde" à utilização desse anti-inflamatório, também as populações de águias possam vir a sofrer "danos irreparáveis".
"As aves necrófagas, e especialmente algumas espécies de abutres, são extremamente sensíveis aos efeitos tóxicos de fármacos anti-inflamatórios não esteroideesteróidess, como o diclofenaco ou diclofenac, que podem ingerir acidentalmente, a partir dos cadáveres do gado doméstico, tratado com estes produtos", alerta o biólogo Carlos Fonseca.
Segundo aquele biólogo, apesar de existirem outros anti-inflamatórios com o mesmo efeito e mais seguros, está a ser avaliado pelo Estado Português um pedido de autorização de comercialização do diclofenaco, para uso pecuário em território nacional.
"A ser concedida, essa autorização poderá colocar em causa de forma irremediável os esforços nacionais de conservação das aves necrófagas, agravando ainda mais os riscos que recaem sobre estas espécies na Península Ibérica", sustenta.
Com financiamento da fundação norte-americana "Morris Animal Foundation", organização sem fins lucrativos que investe em investigação para promover a saúde animal, uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro, da Universidade Autónoma de Barcelona, do Instituto de Investigação em Recursos Cinegéticos e da Universidade de Lleida, assim como do "Raptor Center" da Universidade de Minnesota (EUA), estão a estudar a exposição das aves necrófagas ao diclofenaco e a outros fármacos anti-inflamatórios na Península Ibérica.
O esforço para travar o anti-inflamatório em Portugal é apoiado por várias organizações como a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Associação Transumância e Natureza (ATN), a Quercus, o Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa (RIAS), o Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais (CERVAS) e o Hospital Veterinário da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro.
Biólogos e ambientalistas tentam travar entrada de fármaco no país
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