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Sete em cada 10 sítios naturais da UNESCO em risco devido a alterações climáticas

Especialista refere que 71% dos locais da UNESCO incluídos numa lista de mais de mil defendidos como património mundial serão afetados pelas alterações climáticas.

Sete em cada 10 sítios naturais da UNESCO poderão ser afetados pelas alterações climáticas, alertou hoje o especialista Filipe Duarte Santos numa conferência dedicada aos "Territórios UNESCO e as alterações climáticas".

Filipe Duarte Santos disse que 71% dos sítios naturais da UNESCO incluídos numa lista de mais de mil locais defendidos pelos critérios da UNESCO como património mundial, serão afetados pelas alterações climáticas.

Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Filipe Duarte Santos falava em Lisboa numa conferência promovida pela UNESCO sobre alterações climáticas, na qual salientou que as concentrações de dióxido de carbono (CO2) aumentaram 42% desde o período pré-industrial.

As temperaturas na Terra, que estiveram 52 milhões de anos num processo descendente, vão fazer o percurso inverso em apenas centenas, avisou.

Há 52 milhões de anos a temperatura era, em média, 10 graus superior à de hoje e começou a descer desde então, disse o especialista, acrescentando que o planeta está a fazer o percurso inverso em poucas centenas de anos.

Lembrando que são os combustíveis fósseis os que provocam maiores emissões de CO2 (62%), e que desde 1970 há uma tendência de subida da temperatura, Filipe Duarte Santos alertou para consequências dessa subida, como os fenómenos de extremos meteorológicos mais frequentes ou a subida do nível do mar, que levam a ciclones tropicais também mais intensos e com mudança de trajetória, aproximando-se da Europa.

A juntar a tudo isso, há a destruição de recifes de coral pelo aumento da temperatura da água, há a "descida abrupta" do pH dos oceanos (água mais ácida devido à absorção do CO2), que se tinha mantido constante nos últimos 25 milhões de anos, e há uma tendência cada vez maior de menos chuva nos países do sul da Europa e no Mediterrâneo, na ordem dos 30% menos, disse Filipe Duarte Santos.