Espera que o formato apoiado pela Fundação Bial – vai no segundo episódio, num total de 16 – abra caminho ao debate e à investigação: "Este é um tema menos conhecido e frequentemente associado (com justificação) a menor rigor. Ora, esse é precisamente o aspeto que queremos ajudar a mitigar."
Reação do público
Para já, o neurocientista mostra-se prudente sobre os primeiros resultados das audiências do programa de 30 minutos. "Ainda não temos uma análise rigorosa da reação do público à série. Têm sido recebidas muitas mensagens a expressar satisfação, outras, muito menos frequentes, a levantar algumas questões. Teremos de manter uma postura de rigor também neste domínio e não embarcar no facilitismo de retirar conclusões precipitadas e dizer que tudo foi excelente."
Os números da recetividade do público são animadores, segundo Mário Augusto, o apresentador da série: mais de um milhão de visualizações na RTP Play. Porque hoje em dia as audiências espalham-se por vários meios, sejam a TV em direto, as gravações automáticas (via box), ou a internet. Na próxima semana, dia 26, quando passar o terceiro episódio haverá a novidade do podcast. Mário Augusto e Luís Portela (presidente da Fundação Bial e mentor da série) fazem uma introdução de cinco minutos sobre o conteúdo do programa.
Mais lá para a frente, será lançado um site com divulgação das entrevistas, na íntegra, aos 50 cientistas de vários pontos do mundo que aparecem no programa. Pertencem a prestigiadas instituições, como a King’s College London, Universidade da Virgínia, Universidade de Liège ou Universidade de San Diego.
Universidades prestigiadas
Tendo em conta os principais rankings, como o Times Higher Education World University Rankings ou o QS World University Rankings, há universidades que, consistentemente classificadas entre as 100 melhores do mundo, se dedicam à investigação na área. O neurocientista Nuno Sousa enumera algumas: a Universidade de Lund, na Suécia, com o trabalho do Etzel Cardeña e da sua equipa; a McGill University, no Canadá, pela equipa de Amir Raz (Jeremy Olson, Mathieu Landry); a Stanford University, nos EUA, que conta com a investigação de Michael Lifshitz; ou a Universidade de Adelaide, na Austrália, pelos estudos de Lance Storm.
Nuno Sousa menciona outras que, não estando no top 100, "são amplamente reconhecidas e bem classificadas". Exemplos: a Universidade da Virgínia, com a Division of Perceptual Studies (DOPS), que "estuda a possibilidade de sobrevivência da consciência após a morte", esclarece; ou a Universidade de Liège com análises acerca das experiências de quase morte e estados alterados de consciência.
Intenção de chegar ao streaming
Habituámo-nos a ver Mário Augusto a apresentar programas sobre cinema, por conseguinte, esta matéria tantas vezes negligenciada pela ciência seria improvável. Mas surgiu naturalmente em conversa de almoço com o amigo de mais de uma década, Luís Portela. O jornalista desafiou-o a fazer um programa, há seis anos, já que estudara o assunto para os seus livros (Ser Espiritual, por exemplo, que o autor lançou pela Gradiva em 2013). "Dava uma série fantástica, vale a pena arranjar uma equipa", disse-lhe Mário Augusto.
Luís Portela assim fez. Formou equipa para uma grande produção, que envolveu, entre outros profissionais, Paula Campos (coordenação); Ricardo Freitas (realizador); André Banza (edição). "A intenção é futuramente estar disponível no streaming", adianta à SÁBADO Mário Augusto.
Gravada entre outubro de 2019 e maio de 2023, a produção teve uma pausa devido à pandemia. Levou quase um ano a editar e ficou concluída há cerca de oito meses. Mário Augusto diz que neste processo funcionou como "showrunner" (o dinamizador), frisa que o pai do projeto foi Luís Portela.