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G7 promete acabar com plástico até 2040 e cortar combustíveis fósseis. A que custo?

Márcia Sobral 17 de abril de 2023 às 11:48

Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá são responsáveis por 25% das emissões de CO2 ligadas ao setor energético.

Os ministros do Ambiente dos países que integram o G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) reuniram-se este fim-de-semana em Sapporo, no Japão, para discutir os próximos passos da luta contra as alterações climáticas.

Andrew Harnik / REUTERS

De acordo com a imprensa internacional, uma das medidas aprovada passa pela eliminação total do uso de plástico até 2040. A proposta é ambiciosa e, para tal, há várias ferramentas a pôr em prática como a "incorporação da economia circular", a "redução dos plásticos descartáveis e não recicláveis", a aplicação da medida "poluidor-pagador" e a aprovação de impostos sobre a produção de plásticos novos.

A segunda proposta aprovada prende-se com a aceleração da saída dos combustíveis fósseis. Porém, não foram definidos quaisquer prazos.

Apesar das decisões, ficaram ainda algumas pontas soltas por resolver. O G7 também não chegou a uma data para o fim do carvão no setor elétrico porém Lola Vallejo, diretora do programa Clima do Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (IDDRI), considera que, se os países querem apressar a "saída dos combustíveis fósseis" e limitar o aquecimento global nos 1,5°C, então "está implícito (…) deixar de usar carvão para produzir eletricidade a partir de 2030".

O gás natural foi outro problema que não esteve em cima da mesa, tendo em conta que a Alemanha, o Japão e a Itália estão a investir em novas infraestruturas.

Andrew Harnik / REUTERS

Fora do mundo da política, as propostas estão a ser vistas como "um ponto de partida", que até poderá trazer frutos no encontro do G20 e na conferência do clima da ONU (COP28), ainda que sejam "pouco ambiciosos".

Certo é que tomar decisões concretas é cada vez mais urgente tendo em conta que, apesar de todos os alertas, a produção mundial de plástico tem vindo a aumentar significativamente. Um relatório da OCDE, publicado no ano passado, dava conta de que entre 2000 e 2019 a produção de plástico praticamente duplicou, atingiu valores globais na ordem dos 460 milhões de toneladas e representava já "pelo menos 85% do lixo marinho total".

Em 2020 a Ásia liderava a produção de plásticos, com mais de metade da confeção mundial, com a China apresentar um saldo de 32%. Para contrariar, a Europa encontrava-se numa queda de 5%.

A procura de uma solução é assim um ponto cada vez mais fulcral e onde todos têm de ter uma intervenção mais ativa. Assim, a nível individual, as associações ambientalistas defendem que a solução não passa apenas pela reciclagem, mas também pela reutilização de embalagens e pela utilização frequente do granel.

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