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Relatório defende que julgamento da enfermeira britânica condenada por matar bebés foi baseado em falhas

Lucy Letby tem 35 anos e está a cumprir prisão perpétua depois de ter sido considerada culpada ter assassinado sete recém-nascidos e ter tentado matar outros dez bebés.

As evidências usadas para condenarLucy Letby, a enfermeira britânica considerada a assassina em séries de crianças mais prolífica do Reino Unido, não passam de falhas. Ou pelo menos é nisso que sete especialistas acreditam e por isso será submetido um pedido ao órgão de fiscalização de erros judiciais britânico.  

Cheshire Constabulary/Handout via REUTERS

A equipa jurídica da enfermeira vai entregar esta quinta-feira um relatório de 86 páginas à Comissão de Revisão de Casos Criminais (CCRC) que consideram que lança "serias dúvidas" sobre a condenação. 

Lucy Letby tem 35 anos e foi considerada culpada de envenenar com insulina bebés na unidade neonatal do hospital Countess of Chester entre junho de 2015 e junho de 2016. No total, foi acusada de ter assassinado sete recém-nascidos e ter tentado matar outros dez bebés.  

Na altura do julgamento, os procuradores referiram que "não havia dúvidas de que se tratou de envenenamentos" e que "não foram acidentes" tendo em conta os resultados dos testes de açúcar no sangue feitos aos bebés. Este é um fator extremamente importante porque o juiz de primeira instância, Justice Goss, disse aos membros do júri que, se tivessem a certeza de que os bebés tinham sido atacados, podiam usar essa crença para decidir sobre as outras acusações de que Lucy Letby era alvo, apesar da enfermeira sempre ter negado que matou qualquer bebé de quem tenha cuidado.  

Agora, o relatório considera que os jurados foram "enganados" em vários pontos dos casos. Sete especialistas consideraram que o teste Roche, apresentado como prova do empenamento, não pode ser considerado confiável. Segundo os advogados da enfermeira, o relatório foi redigido por sete dos melhores especialistas em imunoensaios, testes de insulina, endocrinologia pediátrica e hiperinsulinismo.  

Mark McDonald, novo advogado de Letby, avançou que também iria ser entregue outro relatório de 698 páginas elaborado por outros 14 especialistas que afirmam que não encontraram evidências de qualquer dano deliberado. "As novas evidências que vamos entregar minam totalmente o caso da acusação no julgamento. Esta é a maior revisão internacional de medicina neonatal já realizada, cujos resultados mostram que as condenações de Lucy Letby já não são certas", afirmou ao The Guardian antes de considerar que o caso "deve regressar a tribunal como uma questão urgente".

A inglesa está a cumprir prisão perpétua, "quando as evidências esmagadoras de especialistas independentes indicam que nenhum bebé foi assassinado", considerou.  

Dada a complexibilidade do caso e o volume de provas apresentadas nos dois julgamentos, que duraram onze meses, a revisão do CCRC pode levar anos a estar concluída.  

Já em maio de 2024 a revista The New Yorker publicou um artigo onde questionava as provas contra Lucy Letby e depois disso começaram a surgir dúvidas de que a enfermeira estivesse a ser vítima de um "terrível erro judicial".

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