Brasileiro já havia estado envolvido em várias polémicas. Em 2022 chegou até a ser condenado ao pagamento de €6 mil por ter ofendido a mãe de um jovem autista.
O humorista brasileiro Leo Lins foi condenado na terça-feira (3) a oito anos e três meses de prisão por ter proferido piadas sobre minorias sociais num dos seus espetáculos, nomeadamente contra negros, obesos, homossexuais ou pessoas com deficiência.
Instagram/Leo Lins
Este momento, que ficou captado num vídeo publicado no YouTube em 2022 - que obteve mais 3 milhões de visualizações mas que foi posteriormente suspenso - fez com que o Ministério Público (MP) brasileiro entrasse com uma ação judicial em 2023 contra o comediante. Agora condenado, sabe-se que o alcance da publicação terá sido apontado como um fator para o agravamento da pena.
Além de ter de enfrentar uma pena de prisão, o humorista foi ainda condenado a pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos - valor da época da publicação das imagens. No total, está em causa o pagamento de 303,6 mil reais (€47 mil) por danos morais causados.
Para a Justiça, as declarações do comediante incentivam a "propagação da violência verbal na sociedade". "O exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado, devendo ocorrer num campo de tolerância", lê-se no documento que explica esta decisão. "No caso de confronto entre o direito fundamental da liberdade de expressão e os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica, devem prevalecer os últimos."
A mesma opinião não foi, no entanto, partilhada pela defesa de Leo, que considerou que esta condenação se "trata de um capítulo triste para a liberdade de expressão no Brasil, diante de uma condenação equiparada à censura".
O humorista pode agora recorrer da decisão.
Quem é Leo Lins?
Leonardo Lins, mais conhecido como Leo Lins, nasceu a 3 de setembro de 1982 no Rio de Janeiro, Brasil. Começou no humor ainda jovem e foi logo nos anos 2000 que começou a ganhar uma certa notoriedade com os seus espetáculos de stand-up comedy. Foi até considerado um pioneiro neste tipo de formato no país.
Nas redes sociais, Leo é frequentemente alvo de críticas devido às suas piadas que por norma abordam temas sensíveis como doenças, tragédias ou situações de vulnerabilidade social. Estes comentários tiveram tal impacto que valeram até a abertura de vários processos contra o humorista ou ao cancelamento de espetáculos.
Numa das suas performances, o humorista chegou, por exemplo, a fazer comédia com um acidente aéreo ocorrido em 2016 que vitimou 71 jogadores de futebol. Aí, Leo comparou essa tragédia ao assassinato do ex-jogador de São Paulo, Daniel, que morreu em 2018. "Pelo menos, ele morreu a comer uma coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense que comeram comida de avião", referiu.
Um outro caso que gerou bastante controvérsia foi em 2022 quando o comediante publicou um vídeo nas suas redes sociais a gozar com crianças com hidrocefalia - que causa acumulação de líquido nos espaços do cérebro. Na altura, esta publicação levou à demissão do comediante do SBT, o canal de televisão para o qual trabalhava na época.
"Acho muito porreiro o Teleton [uma das maiores campanhas de solidariedade do Brasil], porque eles ajudam crianças com vários tipos de problemas. Vi um vídeo de um rapaz do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único local da cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço", disse.
À época a Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD) repudiou publicamente o vídeo. Contudo, Leo Lins defendeu através das suas redes sociais que "fazer piadas não é crime".
No mesmo ano, em agosto, Leo Lins viu-se envolvido numa outra polémica. Como consequência, a Justiça de São Paulo condenou o humorista ao pagamento de uma indemnização de 44 mil reais (€6 mil) por ter ofendido a mãe de um jovem autista nas redes sociais.
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