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Quatro curiosidades sobre Kash Patel, o escolhido de Trump para chefiar o FBI

É aliado de Trump, e a prova foi quando lançou um livro infantil onde classificou Hillary Clinton como vilã, ou quando se envolveu nos problemas legais contra o republicano. Sem qualquer formação, Kash Patel está prestes a tornar-se o próximo diretor do FBI, onde garante que haverá uma mudança radical.

Foi um crítico feroz do trabalho do FBI, durante o tempo em que foram levadas a cabo investigações sobre alegados laços entre a Rússia e a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016. É aliado do republicano, e já lançou um livro infantil onde a ex-secretária de estado dos Estados Unidos Hillary Clinton surge como vilã. Agora, Kash Patel foi o escolhido para liderar o serviço de inteligência norte-americano e substituir Christopher Wray, apesar de, segundo o jornal New York Times, não ter formação para assumir essa posição. Foi, em tempos, procurador de terrorismo no Departamento de Justiça.

Quer uma mudança radical no FBI

REUTERS/Go Nakamura/File Photo

Patel ainda não tomou posse enquanto diretor do FBI, mas já deixou bem claro quais são os seus desejos para o serviço de inteligência. Diz que vai derrubar a agência de segurança e remodelar radicalmente a missão da mesma.

Numa entrevista dada no início deste ano ao Shawn Ryan Show, prometeu separar as atividades de recolha de informações do resto da sua missão e disse que "encerraria" o edifício da sede do FBI na Avenida Pensilvânia, em Washington, EUA, ao acrescentar que iria "reabri-lo no dia seguinte como um museu do ‘estado profundo’".

"Pegaria nos 7 mil funcionários que trabalham naquele prédio e enviá-los-ia para toda a América para perseguirem os criminosos", acrescentou durante a entrevista.

Numa outra entrevista dada a Steve Bannon, Patel afirmou ainda que a sua equipa irá "encontrar os conspiradores não apenas do governo, mas também nos meios de comunicação social".

"Iremos atrás das pessoas na comunicação social que mentiram sobre os cidadãos americanos, que ajudaram Joe Biden a manipular as eleições presidenciais", disse ao referir-se às eleições de 2020, nas quais o democrata derrotou Donald Trump. "Vamos atrás de si, seja criminal ou civilmente. Vamos descobrir isso. Mas sim, estamos a alertar todos vocês."

Um forte crítico do FBI

Apesar de ser conhecido como um aliado de Trump, Patel ganhou destaque pela primeira vez enquanto crítico declarado das investigações do FBI, sobre alegados laços entre a Rússia e a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016.

Chegou a ajudar a redigir um relatório de quatro páginas que detalhava o que dizia serem erros cometidos pelo Departamento de Justiça, na obtenção de um mandado para vigiar um ex-conselheiro de campanha de Donald Trump.

Este documento, que ficou conhecido como "memorando de Nunes", acabou por ser divulgado, apesar das objeções do então diretor do FBI, Christopher Wray, e valeu a Patel um emprego na equipa do Conselho de Segurança Nacional, oferecido pelas mãos de Donald Trump.

Enredado nos problemas legais de Trump

Patel desempenhou um papel importante nos vários processos judiciais contra Donald Trump.

Durante um dos mais recentes julgamentos do republicano, em Nova Iorque, Patel fez parte de um pequeno grupo de apoiantes que acompanhou o vencedor das eleições norte-americanas a tribunal. Aqui, disse aos jornalistas que Trump foi vítima de um "circo inconstitucional".

Já em 2022, compareceu junto do júri de Washington, que investigava documentos confidenciais encontrados na propriedade de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida. Chegou também a testemunhar numa audiência, no tribunal do Colorado, relacionada com os esforços do republicano para anular os resultados da eleição presidencial de 2020, que deu vitória a Joe Biden.

Patel era, naquela altura, chefe de gabinete do então secretário de Defesa. Testemunhou que Trump havia autorizado preventivamente o envio de 10 mil a 20 mil soldados dias antes do ataque ao Capitólio nos EUA, que se deu a 6 de janeiro de 2021. Contudo, um tribunal do Colorado concluiu mais tarde que Patel "não era uma testemunha credível" para falar sobre o assunto.

Lança livro infantil onde Hillary Clinton é a vilã

Pouco depois de Trump ter deixado o cargo de presidente, Patel lançou a Fight with Kash, uma instituição de caridade isenta de impostos, que vende uma grande variedade de mercadorias, incluindo meias de marca e outras roupas como o logótipo "K$H". O objetivo é arrecadar doações para "ajudar outras pessoas" necessitadas, para reunir "patriotas America First" e "ajudar a combater o estado profundo".

Além disso, chegou a publicar um livro intitulado de Government Gangsters, uma espécie de livro de memórias onde apresenta também argumentos contra o "estado profundo". Chegou até a tentar lançar uma versão cinematográfica.

Apesar do lançamento deste livro, este não foi o único a ser publicado pelo futuro diretor do FBI. Já lançou também livros infantis que homenageiam Trump. É o caso de The Plot Against the King, que apresenta uma Hillary Clinton vilã e um "rei Donald".

Patel tem aproveitado também para vender uma variedade de produtos comercializados pelos apoiantes de Trump. Chegou até a ganhar centenas de milhares de dólares por ano com consultoria para entidades relacionadas com o agora presidente eleito.

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