Contudo, só com a análise laboratorial microscópica efectuada a partir de 2013 é que João Russo, Octávio Mateus, investigadores do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa, Marco Marzola, da Universidade de Copenhaga (Dinamarca) e Ausenda Balbino, da Universidade de Évora, puderam confirmar as hipóteses levantadas.
"Confirmámos que a estrutura da casca do ovo era completamente diferente da dos ovos de dinossauro e muito semelhante a ovos de crocodilo tanto fósseis como actuais", concluiu o paleontólogo, para quem "a evolução em 150 milhões de anos [dos ovos de crocodilo] foi muito pouca e os ovos praticamente mantêm-se inalterados".
Os fosseis de ovos de crocodilo conhecidos até agora como os mais antigos foram descobertos no Texas, EUA, e pertencem ao Cretácico Inferior, com 140 milhões de anos.
O achado vem enriquecer o espólio do Museu da Lourinhã, conhecida como "Capital dos Dinossauros" e um dos locais paleontológicos mais ricos do mundo após o achado, em 1993, do ninho de dinossauros, o maior e com os mais antigos embriões até então encontrados. "Sabíamos da existência de fósseis de dinossauro e de crocodilo, assim como de ovos de dinossauro. Mas desconhecíamos a existência de ovos de crocodilo e agora sabemo-lo. É mais um testemunho de que a Lourinhã é extremamente rica em termos de fósseis do Jurássico Superior e é uma referência a nível mundial", afirmou o investigador.
No estudo, os paleontólogos apontam também para semelhanças existentes entre fósseis de ovos de 'crocodilomorfo' com ovos de dinossauros terópodes (bípedes), e relações reprodutivas entre as duas espécies. O estudo resultou de uma investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.