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No Dia do Animal saiba como lidar com o luto. "Há rituais que se perdem"

Sofia Parissi
Sofia Parissi 04 de outubro de 2025 às 10:00
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A psicóloga Cátia Silva explica que os companheiros de quatro patas podem reduzir stresse e ansiedade. Por outro lado, alerta para uma dimensão "menos falada" e "muitas vezes desvalorizada": a perda e o luto.

Melhoria no humor, sensação de pertença e aumento da auto-estima são alguns dos benefícios que os animais de estimação podem trazer aos donos. O Dia Mundial do Animal assinala-se este sábado, 4 de outubro, mas se hoje é dia de celebrar o seu melhor amigo, há uma dimensão menos falada ainda que seja um dos grandes receios dos donos: a perda e o processo de luto.

O Dia Mundial do Animal celebra-se este sábado, 4 de outubro
O Dia Mundial do Animal celebra-se este sábado, 4 de outubro Rolf Vennenbernd/picture-alliance/dpa/AP Images

"Com as pessoas mais próximas já existe maior abertura em falar sobre o assunto", mas no trabalho por exemplo, a psicóloga revela que ainda existem entidades patronais que não são sensíveis a estas questões. Nestes casos, explica que é importante incentivar à partilha. "Há memórias, rituais e dimensões que se perdem quando o animal é parte integrante da família. Ainda é comum invalidar-se estes sentimentos".

E alerta: "Se não partilharmos, vamos estar a reprimir. O luto tem de ser vivido e a pessoa que está a passar por esse processo quer sentir-se ouvida e acolhida". Também é preciso uma atenção especial quando existem crianças na família, já que a situação deve ser exposta de forma simples e de modo a não criar falsas expetativas. "Dizermos que o animal foi viajar ou fugiu pode dar a falsa sensação que vai voltar. Além disso, é importante validar a dor".  E também existem casos em que pode ser necessário procurar ajuda profissional. Cátia Silva salienta que, numa fase inicial, "há reações que são uma resposta adaptativa", mas por outro lado, quando existem sintomas persistentes "como irritabilidade, impulsividade e enurese noturna [perda involuntária de urina] é importante procurar apoio".

Esta semana, o luto pela perda de um animal de estimação foi assunto nas redes sociais, depois do piloto da Fórmula 1 Lewis Hamilton anunciar a morte do seu cão, Roscoe. O bulldog era presença habitual nos bastidores das corridas e os fãs fizeram questão de enviar mensagens de apoio ao piloto. “Recebi muitas mensagens. Foi bastante impressionante, para ser honesto, ver que o Roscoe tocou tantas pessoas à volta do mundo. E foi muito comovente receber esse apoio”, disse Hamilton em declarações aos jornalistas. 

As vantagens de um animal de companhia

Mas porque é que os animais de companhia são tão importantes e que mais-valias podem trazer? "Os animais podem contribuir para o bem-estar físico e psicológico. Há estudos que referem que as trocas de carinho com os animais podem reduzir o níveis de cortisol, a hormona associada ao stresse, e levar ao aumento de hormonas associadas ao bem-estar", refere Cátia Silva, psicóloga especializada em ansiedade, depressão, autoestima, luto, burnout e PHDA.

A psicóloga Cátia Silva explica que o contacto com os animais traz benefícios para o nosso bem-estar
A psicóloga Cátia Silva explica que o contacto com os animais traz benefícios para o nosso bem-estar DR

A especialista salienta ainda que também existem benefícios para as crianças, nomeadamente no que toca às abordagens terapêuticas. "A terapia assistida com cavalos e com cães, por exemplo, pode ser útil para desenvolver empatia, responsabilidade e sentido de cuidado". Cátia Silva refere que estas terapias são usadas quando existem, por exemplo, patologias como a ansiedade, o autismo e PHDA.

"Também ajudam a trabalhar questões relacionadas com a impulsividade e na regularização de rotinas." Em casos de depressão, conta que é comum incentivar os pacientes que têm cães a passear com eles, já que "estimula a atividade física". Mas alerta: "O contacto com os animais por si só não é suficiente para curar estas patologias, mas pode ser uma ajuda" e até funcionar como "prevenção" .

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