"Mais uma vez está a haver um carregamento de animais para Israel. Todos os meses, duas a três vezes por mês, há carregamentos de animais para Israel, que vão ser sujeitos a uma viagem penosa de seis a onze dias em alto-mar", disse à agência Lusa Iolanda Santos, porta-voz do movimento que luta pela defesa dos direitos dos animais.
"Há milhares de animais que já estão a ser hoje embarcados no navio Holstein Express e já está outro navio, Uranus L, a aguardar para mais um embarque de animais a partir do porto de Setúbal", acrescentou Iolanda Santos.
De acordo com o grupo de cerca de uma dezena de activistas que participaram na iniciativa, "há cerca de dois a três embarques de animais por mês no porto de Setúbal".
"Os animais já chegam aqui ao porto de Setúbal em condições complicadas, porque já fizeram uma viagem longa por via terrestre. Aqueles que não morrem durante a viagem - por causa da sobrepopulação e do excesso de calor de frio durante, dependendo da altura do ano - chegam lá doentes, com membros partidos, cheios de fezes, com doenças", disse Iolanda Santos.
"Os animais que sobrevivem à viagem, quando desembarcam em Israel, são ainda sujeitos a uma quarentena, que também é feita em condições deploráveis. E há imagens que comprovam isso", acrescentou.
De acordo com a activista, os animais exportados para Israel são depois abatidos de acordo com regras religiosas, que "implicam que os animais não sejam previamente insensibilizados e que morram degolados e sangrados até à morte".
O Movimento Setúbal Animal Save, bem como outras organizações que lutaram pela abolição do transporte marítimo de animais vivos, como a PATAV, Plataforma Anti-transporte de Animais Vivos, têm vindo a promover diversas iniciativas contra o embarque de animais vivos, designadamente gado ovino e bovino, a partir dos portos de Setúbal e Sines, quase todos com destino a Israel.
No passado dia 19 de Abril, numa outra acção de protesto contra o embarque de animais vivos a partir de Setúbal, Noel Santos, da PATAV, disse à agência Lusa que grande parte das exportações portuguesas neste sector vão para Israel, através de um único importador que tem o monopólio dos matadouros e uma grande rede de espaços comerciais naquele país.
Segundo dados da Direcção-Geral de Veterinária, Portugal exportou quase 50 mil cabeças de gado bovino vivo em 2016. No mesmo ano, foram exportadas mais de 33 mil cabeças de gado ovino, número que aumentou para 117 mil em 2017.