Esqueleto de panda com 2 mil anos descoberto em túmulo de imperador chinês
Foram descobertos mais de 380 sepulturas com esqueletos de animais. O sacrifício de animais selvagens era visto como um símbolo de estatuto para os governantes.
Arqueólogos chineses descobriram o primeiro esqueleto completo de um panda gigante num túmulo de um antigo imperador, algo que revela os rituais da realeza de há mais de 2.000 anos.
O panda foi encontrado num grupo de sepulturas de sacrifício de animais numa colina perto de um mausoléu, que pertence ao imperador Wen da dinastia Han, que reinou de 180 a 157 antes de Cristo. Os cientistas da Academia de Arqueologia de Shaanxi encontraram o sítio nos arredores da cidade atualmente conhecida como Xian, que foi capital da China durante vários séculos.
A cabeça do esqueleto do panda foi encontrada virada para leste, na direção do túmulo do imperador Wen. É a primeira vez que um esqueleto completo de panda é identificado num local de enterro de um imperador, segundo os cientistas. Em 1975, foi descoberto um crânio de um panda no túmulo da imperatriz Bo, mãe de Han, mas o corpo do animal estava desaparecido.
A equipa de arqueólogos encontrou mais de 380 sepulturas com esqueletos de animais. A maior parte são mamíferos e encontraram-se em recipientes funerários de tijolo. Foram encontrados alguns répteis em caixões de madeira e aves em recipientes de cerâmica.
Nos túmulos identificaram também um tigre, um iaque, um touro gayal originário do sul da Ásia e um takin dourado (a que também se chama cabra-gnu). Os restos mortais de um rinoceronte e de uma águia dourada foram ainda encontrados no túmulo da imperatriz Bo.
O sacrifício de animais selvagens era visto como um símbolo de estatuto para os governantes da dinastia Han. Estes sacrifícios também foram encontrados em túmulos de plebeus, mas limitavam-se a animais domésticos, como cães e porcos.
"Os poços de sacrifício de animais que escavámos agora podem ser uma réplica dos jardins e quintas reais da dinastia Han ocidental", escreveu Hu Songmei, arqueóloga da Academia de Arqueologia de Shaanxi, num artigo publicado na semana passada na revista Chinese Social Sciences Today. A equipa de Hu vai fazer análises de ADN e de isótopos para identificar a origem dos animais e o que comiam.
Foi também descoberto num túmulo um esqueleto completo de uma anta da Malásia. As antas estão atualmente na lista de espécies ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza, mas foram extintas da China há cerca de mil anos. Devido a descrições confusas em registos históricos e à falta de achados arqueológicos, os cientistas tiveram dificuldade em provar que a anta era uma espécie diferente dos pandas gigantes, referiu Hu.
Os pandas estavam provavelmente difundidos na época devido ao clima mais quente que permitiu que o alimento básico do panda, o bambu, crescesse nas florestas a norte dos atuais habitats naturais da espécie, afirmou Hu Songmei. "As encostas setentrionais das montanhas Qinling tinham florestas mais húmidas e mais quentes, e a temperatura nessa altura devia ser um ou dois graus Celsius mais elevada do que agora", disse Hu ao jornal West China City Dail.
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