Donald Trump assumiu a Presidência dos Estados Unidos a 20 de Janeiro e em poucas semanas o novo inquilino da Casa Branca cumpriu promessas eleitorais, assinou decretos polémicos, rompeu com a herança de Obama e enfrentou milhares nas ruas
Donald Trump assumiu a Presidência dos Estados Unidos a 20 de Janeiro e em poucas semanas o novo inquilino da Casa Branca cumpriu promessas eleitorais, assinou decretos polémicos, rompeu com a herança de Obama e enfrentou milhares nas ruas.
Quatro semanas depois da tomada de posse, e a um ritmo frenético, a nova administração americana agitou a ordem internacional, apresentou "factos alternativos", distribuiu críticas e "falsas notícias", polarizou a opinião pública e registou as duas primeiras baixas.
Na Casa Branca foram recebidos quatro dirigentes estrangeiros e no Twitter, o canal de comunicação de eleição de Trump, as mensagens foram mais de 360.
Os principais momentos do primeiro mês da Presidência Trump:
20 de Janeiro
- Donald John Trump, de 70 anos, toma posse como 45.º Presidente dos EUA. No discurso inaugural, frisa que a partir daquele dia "será América primeiro" e promete parar com a "carnificina americana".
Nas primeiras horas do mandato presidencial, Trump decreta o Dia do Patriotismo e assina a primeira ordem executiva que marca o início do fim do 'Obamacare' (a reforma do sistema de saúde que foi uma das bandeiras do seu antecessor Barack Obama). Nessa sexta-feira, em Washington, são relatados confrontos entre manifestantes anti-Trump e as forças policiais.
21 de Janeiro
- Centenas de milhares de pessoas participam em nos EUA num protesto conhecido como 'Marcha das Mulheres', ação realizada em defesa dos direitos cívicos e contra Trump. Este movimento estende-se ao resto do mundo, incluindo Portugal.
Naquela que seria a primeira conferência de imprensa da era Trump, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, acusa os media de terem mentido sobre os números da tomada de posse e garante que a cerimónia teve a maior assistência de uma tomada de posse "de sempre".
22 de Janeiro
- Em defesa do porta-voz da Casa Branca, a conselheira e ex-gestora da campanha presidencial, Kellyanne Conway, afirma que Sean Spicer não forneceu informações falsas, mas sim "factos alternativos". Fotografias e dados sobre a circulação de pessoas no metro de Washington contradizem as declarações de Spicer.
Nesse domingo, Trump anuncia que vai começar a renegociar o Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA) com os líderes do Canadá e do México.
23 de Janeiro
- O novo chefe de Estado americano revoga a participação dos Estados Unidos no Tratado Transpacífico de Comércio Livre. Também assina uma ordem presidencial que proíbe o financiamento federal de organizações não-governamentais internacionais que realizem ou promovam o aborto e congela novos contratos de funcionários federais, exceto de militares.
24 de Janeiro
- Trump assina decretos presidenciais para o relançamento de dois controversos oleodutos: o Keystone XL, entre os EUA e o Canadá, e o Dakota Access Pipeline, no centro-oeste do território americano. Os dois projectos tinham sido bloqueados por Obama, em parte por causa de preocupações ambientais.
Nesse mesmo dia, Trump, confiante na sua reeleição, pede o registo de um 'slogan' para as presidenciais de 2020: "Manter a América grande".
25 de Janeiro
- Trump assina o decreto presidencial que lança o projeto de construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México, uma das promessas mais emblemáticas da sua campanha presidencial. A medida gera de imediato fortes críticas.
Noutra ordem executiva, delibera a retirada de dinheiros federais aos Estados e cidades que abrigam imigrantes ilegais, as chamadas "cidades santuário", e o restabelecimento do programa "comunidades seguras", que incentiva uma cooperação mais ampla entre a aplicação da lei local e as agências federais de imigração.
Naquela que é a sua primeira entrevista televisiva após a posse, Trump diz que acredita que o 'waterboarding' (afogamento simulado) ou outras técnicas de interrogatório consideradas como tortura podem resultar no contexto da "luta contra o terrorismo", defendendo que "o fogo tem de ser combatido com fogo" e que ele, enquanto Presidente, tem de "manter o país seguro". Mas, ressalvou, que caberá à CIA e ao Pentágono um possível restabelecimento.
26 de Janeiro
- O Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, cancela a visita a Washington (prevista para 31 de Janeiro) perante a insistência de Trump que as autoridades mexicanas vão pagar o muro fronteiriço. Já o líder americano garante que a decisão de cancelar a visita foi mútua. Horas depois, fontes da Casa Branca avançam que Trump planeia financiar a construção impondo um imposto de 20% sobre todos os bens provenientes do México.
27 de Janeiro
- Trump impõe uma mudança draconiana na política migratória, ao assinar uma ordem executiva que nega a entrada naquele país a refugiados (por um período mínimo de 120 dias) e a imigrantes (durante três meses) de sete países de maioria muçulmana: Iraque, Irão, Iémen, Líbia, Somália, Sudão e Síria.
A medida, justificada pela defesa da segurança nacional, suscita polémica de forma imediata e várias vozes argumentam que, ao escolher especificamente tais países, o decreto viola princípios fundamentais consagrados na Constituição dos EUA: liberdade de circulação, igualdade e a proibição de discriminação religiosa.
28 de Janeiro
- Com a entrada em vigor do decreto anti-imigração, o caos e a confusão instalam-se nos aeroportos americanos.
Trump passa o dia em Washington, a falar com cinco líderes mundiais, incluindo com o Presidente russo, Vladimir Putin.
29 de Janeiro
- A ordem anti-imigração da administração Trump enfrenta o primeiro obstáculo: uma juíza federal de Brooklyn impede a deportação de cidadãos dos países abrangidos pelo decreto, portadores de documentos que autorizam a entrada no território americano. Numa declaração e num conjunto de 'tweets', Trump insiste que a ordem "não é uma proibição aos muçulmanos".
As forças especiais americanas realizam um ataque surpresa no Iémen contra posições da Al-Qaida, na primeira operação militar importante autorizada por Trump. Um militar americano morre, bem como várias vítimas civis, incluindo crianças.
O controverso assessor Steve Bannon, ex-diretor do 'site' Breitbart (conotado com a extrema-direita americana), vai integrar o Conselho de Segurança Nacional.
30 de Janeiro
- Do Iraque à ONU, passando pela Alemanha, a vaga de críticas internacionais contra o decreto anti-imigração intensifica-se.
Em protesto, mais de um milhão de pessoas assinam uma petição contra a visita de Estado de Trump ao Reino Unido. E vários diplomatas norte-americanos protestam oficialmente contra o decreto, utilizando aquilo que foi designado como um "canal oficial de dissidência".
O procurador-geral do Estado de Washington, Bob Ferguson, apresenta uma queixa exigindo o fim imediato da ordem presidencial, que considera contrária à Constituição americana.
Apenas 10 dias depois de ter deixado a Casa Branca, o ex-Presidente Barack Obama quebra o silêncio e avisa que "os valores americanos estão em jogo".
31 de Janeiro
- Trump afasta a procuradora-geral interina Sally Yates, porque a responsável ordena aos advogados do Ministério Público que não cumpram a proibição de entrada de refugiados e outros viajantes de países muçulmanos. A Casa Branca acusa Sally Yates de "traição".
Os senadores democratas bloqueiam as votações dos nomeados para o Tesouro e Saúde e o clima de tensão política aumenta.
1 de Fevereiro
- O Senado aprova a nomeação de Rex Tillerson, ex-diretor-executivo da petrolífera Exxon Mobil, para o cargo de secretário de Estado, o segundo mais importante da administração.
Trump anuncia o nome do juiz Neil Gorsuch para ocupar o lugar vago (o nono) do Supremo Tribunal e, horas depois, insinua mudança de regras no Senado caso democratas bloqueiem o processo de confirmação.
Nesse mesmo dia, e na sequência de um teste de um míssil balístico iraniano, o conselheiro para a segurança nacional, Michael Flynn, denuncia "o comportamento desestabilizador" do Irão e diz que o país fica "sob vigilância".
2 de Fevereiro
- Duas conversas telefónicas polémicas com dois líderes internacionais marcam o dia de Trump.
"O pior telefonema" do dia, como classificou Trump, com o primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, sobre um acordo de acolhimento de refugiados assinado por Obama e classificado pelo seu sucessor como "estúpido".
E a divulgação de que Trump avisou o seu homólogo mexicano, durante um telefonema, que enviará tropas norte-americanas para travar os "bad hombres" (homens maus) no México, caso os militares daquele país não os consigam controlar.
3 de Fevereiro
- A administração Trump impõe novas sanções económicas a várias pessoas e entidades do Irão em resposta ao teste de um míssil e avança com a revogação da reforma financeira lançada por Obama depois da crise de 2008.
A propósito do decreto anti-imigração, a conselheira presidencial Kellyanne Conway volta a estar envolvida em polémica, quando cita um atentado terrorista que nunca aconteceu para justificar a medida.
4 de Fevereiro
- A batalha judicial sobre o decreto anti-imigração de Trump prossegue. Depois de a medida ter sido contestada por juízes federais em vários Estados, o juiz federal James Robart, de Seattle, ordena a sua suspensão temporária, a nível nacional. A ordem temporária do juiz vigora até ser efetuada uma revisão completa da queixa apresentada pelo procurador-geral de Washington.
Posteriormente, o Departamento de Estado norte-americano anuncia a revogação do cancelamento de vistos válidos para os cidadãos dos países muçulmanos abrangidos pelo decreto.
5 de Fevereiro
- Um tribunal de recurso (em São Francisco) rejeita o recurso da administração Trump para repor o decreto anti-imigração com efeitos imediatos.
Numa entrevista televisiva, Trump diz que respeita Putin. E quando o entrevistador afirma que o líder russo é "um assassino", o governante americano responde: "Há muitos assassinos por aí".
6 de Fevereiro
- O Departamento de Justiça urge um tribunal federal a restabelecer o decreto anti-imigração, insistindo que a segurança nacional está em jogo.
Numa visita à base aérea de MacDill (Florida), Trump garante que os EUA e os seus aliados vão vencer o "terrorismo islâmico radical" e as "forças da morte".
7 de Fevereiro
- O Senado confirma Betsy DeVos como secretária de Educação, numa votação em que, pela primeira vez na história americana, o voto do vice-presidente (Mike Pence) é decisivo.
8 de Fevereiro
- Entre as críticas a uma justiça "politizada", Trump também ataca uma grande rede de lojas americana (Nordstrom), que decide cancelar a venda da linha de roupa e de acessórios da sua filha Ivanka.
9 de Fevereiro
- O tribunal de recurso de São Francisco confirma a suspensão do decreto anti-imigração de Trump. Mais uma vez na rede social Twitter, Trump reage e escreve em maiúsculas: "VEMO-NOS NO TRIBUNAL. A SEGURANÇA DA NOSSA NAÇÃO ESTÁ EM JOGO!".
10 de Fevereiro
- A bordo do avião presidencial, Trump afirma, em declarações aos jornalistas, estar a considerar assinar uma nova ordem executiva sobre imigração.
Dois meses depois do polémico contacto telefónico com Taiwan, Trump assegura ao homólogo chinês, Xi Jinping, durante uma conversa ao telefone, que vai respeitar o princípio de "uma só China".
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, inicia uma visita oficial de dois dias aos EUA. É o segundo líder estrangeiro a ser recebido por Trump após a tomada de posse.
Lado a lado, os dois governantes condenam o lançamento de um míssil pela Coreia do Norte e Trump assegura ao Japão o apoio total dos EUA.
13 de Fevereiro
- A Casa Branca quebra o silêncio em torno da polémica com o conselheiro de segurança nacional, Michael Flynn, e afirma que Trump está a avaliar a situação.
Dias antes, a imprensa americana relatava a existência de telefonemas entre Flynn e o embaixador da Rússia em Washington, Sergei Kisliak, nas semanas que antecederam a tomada de posse. Nos contactos intercetados, Flynn discutiu que a futura administração republicana não iria mostrar a mesma severidade para com Moscovo do que a antecessora administração democrata, nomeadamente em relação às sanções aprovadas após a anexação da Crimeia.
Nessa segunda-feira à noite, Flynn demite-se, após informações de que teria mentido ao vice-presidente, Mike Pence, e a outros funcionários sobre os seus contactos com a Rússia. É a primeira baixa da administração Trump.
Trump recebe na Casa Branca outro líder estrangeiro: o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. As importantes relações económicas e o bom relacionamento entre países vizinhos marcam o encontro.
14 de Fevereiro
- Na sequência da demissão do conselheiro Flynn, Trump é fortemente pressionado para explicar os seus alegados laços com Moscovo. O Partido Democrata e alguns dos principais membros do Partido Republicano exigem uma investigação sobre o caso.
15 de Fevereiro
- Trump recebe o primeiro-ministro de Israel e afasta-se da política defendida pelos seus antecessores durante as últimas décadas: a criação de dois Estados como solução para o conflito entre Israel e a Palestina.
O empresário de restaurantes de 'fast-food' Andrew Puzder, nome indicado para secretário do Trabalho, desiste da sua candidatura, na sequência de suspeitas de violência doméstica.
16 de Fevereiro
- Numa conferência de imprensa agendada inicialmente para anunciar o nome de Alexander Acosta para liderar o Departamento do Trabalho (que poderá ser o primeiro hispânico da administração), Trump decide fazer, durante 77 minutos, um balanço do primeiro mês da sua Presidência, que funciona, segundo o próprio, como uma "máquina afinada à perfeição".
Aproveita também para renovar as críticas aos media, dizer que herdou "uma confusão" e anunciar a apresentação "para a próxima semana" de um novo decreto sobre imigração.
17 de Fevereiro
- A Associated Press avança que a administração Trump está a ponderar destacar cerca de 100.000 militares da Guarda Nacional para detectar imigrantes sem documentos nos quatro Estados próximos da fronteira com o México, mas também em sete Estados contíguos. O documento citado pela agência noticiosa é um apelo a uma militarização sem precedentes na deteção de imigrantes.
Tudo o que se passou no primeiro mês da presidência Trump
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