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Oiça as escutas a Dilma e Lula que levaram os brasileiros à rua

Presidente do Brasil e antigo chefe de estado terão combinado uma maneira de evitar uma possível detenção de Lula. Dilma diz que vai contestar o que considera ser uma "violação constitucional". Mas a contestação aumentou ainda mais

Dezenas de deputados da oposição gritaram "renúncia" no plenário da Câmara dos Deputados de quarta-feira, referindo-se à presidente Dilma Rousseff, após terem sido divulgadas gravações de conversas suas com o ex-chefe de Estado Lula da Silva. Os deputados reagiram desta forma quando Darcísio Perondi, da ala oposicionista do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), levou ao microfone um áudio com uma voz parecida com a de Lula, de acordo com a imprensa brasileira. Nos áudios, divulgados antes pelo canal de televisão Globo News, Dilma Rousseff diz a Lula que mandou alguém entregar o termo de posse do ex-presidente como ministro, para o caso de ser necessário.

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As conversas foram gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial antes de a presidente anunciar publicamente que o ex-chefe de Estado seria ministro chefe da Casa Civil, um cargo equivalente ao de primeiro-ministro. Ao entrar para o Governo, Lula da Silva, investigado no âmbito da Operação Lava Jato, que analisa um esquema de corrupção na Petrobras, passa a ter foro privilegiado, podendo apenas ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.

Segundo o jornal Estadão, as escutas realizadas durante a investigação indiciam uma possível tentativa de condicionar o Ministério Público. O juiz Sérgio Moro revelou que as escutas indicam que Lula sabia ou desconfiava que era escutado, "comprometendo a espontaneidade e credibilidade dos diálogos." Moro foi mais longe e afiançou que "alguns diálogos sugerem que tinha conhecimento antecipado das buscas" de 4 de Março. 

 

Numa das acusações mais graves, Moro disse que em alguns diálogos existe uma "aparente" tentativa de "tentar influenciar ou ter ajuda das autoridades do Ministério Público ou da Magistratura" a favor do ex-presidente. Ainda assim, explicou o juiz, "não há nenhum indício nos diálogos ou fora deles" de que as pessoas escutadas "tinham procedido de forma inapropriada" ou se "a intenção de influenciar ou conseguir uma intervenção chegou a ser efectivada". 

Após a divulgação do áudio, deputados da oposição a Dilma Rousseff inflamaram-se e a sessão foi encerrada. Mas, mesmo depois dessa decisão, alguns permaneceram no plenário, gritando palavras de ordem contra Dilma. Houve também palavras contra Lula, a quem alguns deputados chamaram "ladrão", dizendo que "o seu lugar é na prisão."

Poucos deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), que apoia Dilma e Lula, tentaram defender a presidente, chamando "golpistas" aos elementos da oposição. Segundo a imprensa brasileira, houve uma reacção semelhante no Senado brasileiro.

A presidente do Brasil já reagiu à divulgação das escutas. Em comunicado, a chefe de Estado promete adoptar todas as medidas judiciais e administrativas para contestar aquilo que considera uma violação da lei e da Constituição - a divulgação de conversas gravadas no âmbito de uma investigação.

Aumenta a contestação

Em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Fortaleza, milhares de pessoas saíram às ruas – no total, as autoridades falam em manifestações em 17 estados.

Ao início da noite os protestos tornaram-se mais violentos em Brasília e a polícia usou gás pimenta para dispersar a manifestação, que chegou a juntar cinco mil pessoas, quando um grupo de pessoas tentou  invadir o Palácio do Planalto.

Já frente ao prédio onde mora Lula da Silva em São Bernardo do Campo, São Paulo, centenas de pessoas organizaram um panelaço (bater em panelas como protesto). Os ânimos exaltaram-se e a polícia lançou bombas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes. 

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.