O presidente do centro médico de Gorakhpur revelou que 42 crianças morreram no hospital nas últimas 48 horas, sete das quais por encefalite.
Nos dias 10 e 11 de Agosto 33 crianças morreram neste hospital, na mesma altura em que se registou uma falha no fornecimento de oxigénio. Uma equipa de peritos veio dizer que os problemas no fornecimento não estiveram na origem das mortes, mas a opinião pública indiana revoltou-se contra o hospital por ter deixado esgotar o stock de oxigénio.
"O aumento de mortes ocorreu por causa de infecções sazonais", afirmou o responsável pela unidade de saúde.
"Não há falta de oxigénio ou medicamentos no hospital. As crianças morreram por causa de complicações clínicas e não por negligência", disse.
É habitual o aparecimento de muitos casos de encefalite na região durante a época das monções.
Os especialistas já vieram dizer que, este ano, a encefalite deverá aparecer em força por causa das chuvas excessivas e das inundações no Estado de Uttar Pradesh, particularmente nas proximidades de Gorakhpur.
A cidade fica a 250 quilómetros a sudeste de Lucknow, capital do Estado de Uttar Pradesh, o mais populoso da Índia.
Peritos médicos defendem que o governo continua a ser apanhado de surpresa e a mostrar-se pouco preparado para este ciclo de doença e morte.
"Qualquer legislador sabe que, tendo em conta as cheias, os casos de doenças transmitidas por vetores deverão subir. Mas o que me choca é que o governo não tomou qualquer medida preventiva", afirmou um dos peritos.
Os hospitais indianos têm sido criticados por má gestão, corrupção generalizada e negligência absoluta.
A encefalite já matou mais de 4.000 crianças e fez adoecer perto de 25.000 desde 2010 no estado de Uttar Pradesh.
A encefalite aguda provoca febre, vómitos, dores de cabeça e problemas de função cerebral como confusão, dificuldade em falar e convulsões. A doença pode deixar as crianças que sobrevivem com paralisias e graves problemas mentais.
Os hospitais públicos indianos enfrentam diariamente grandes constrangimentos e vivem à beira da rutura: os doentes enfrentam longas filas de espera, mesmo para as intervenções mais simples, e muitas vezes são obrigados a partilhar camas.
Os indianos que conseguem evitar os hospitais públicos e recorrer a clínicas privadas, onde uma consulta pode custar em média 1.000 rupias (mais de 13 euros), são uma minoria.
Milhões de indianos vivem com menos de dois euros por dia.