O PCP desafiou os partidos que discordam da situação nacional a aprovarem a sua moção de censura.
IL e PAN criticaram hoje o Governo por não ter apresentado uma moção de confiança, enquanto o PCP desafiou os partidos que discordam da situação nacional a aprovarem a sua moção de censura.
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, após a reunião da conferência de líderes que determinou que a moção de censura do PCP será debatida esta quarta-feira, a presidente da bancada parlamentar da IL, Mariana Leitão, defendeu que Luís Montenegro "poderia já perfeitamente ter resolvido" a situação envolvendo a Spinumviva
"Agora vem mais uma moção de censura, que à partida será chumbada, à qual se seguirá uma comissão parlamentar de inquérito e a verdade é que o assunto não encerra e, enquanto isso, está um Governo a passar uma imagem de fragilidade", acusou.
Mariana Leitão acusou o primeiro-ministro de, "quer por teimosia, quer por arrogância", não ter querido resolver a situação, salientando que o poderia ter feito ou fechando a empresa ou apresentando uma moção de confiança.
"É lamentável que, com o país com problemas e o mundo a mudar, nós continuemos enredados nesta história", criticou, reiterando que a IL não irá votar a favor da moção de censura do PCP por não concordar com os seus fundamentos, designadamente as críticas ao setor privado.
A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, lamentou que se esteja hoje a discutir o agendamento de uma moção de censura e não de uma moção de confiança, defendendo que "há uma fragilidade e uma ausência de condições políticas" para o primeiro-ministro se manter no cargo.
"A gravidade de todos estes episódios que têm vindo a público fazem-nos acreditar que Luís Montenegro dificilmente terá condições para se manter no cargo, independentemente do resultado que possa sair amanhã [quarta-feira] da discussão da moção de censura", sustentou.
Inês Sousa Real considerou ainda "incompreensível o silêncio" do Presidente da República sobre esta situação, salientando que, no passado, em circunstâncias parecidas, "não se inibiu de comentar", e afirmou esperar que esse silêncio não se deva ao facto de Marcelo Rebelo de Sousa ser "da mesma cor política que Luís Montenegro".
Por sua vez, o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, recordou que o partido entregou 14 perguntas ao primeiro-ministro sobre a Spinumviva, defendendo que o primeiro-ministro ainda tem explicações para dar e argumentando que violou o estatuto de exclusividade de funções.
"O primeiro-ministro não se pode esconder atrás dos ministros, não se pode remeter ao silêncio. Tem a obrigação de prestar todos os esclarecimentos em relação à sua vida empresarial, porque a vida empresarial de Luís Montenegro passou a ser um assunto central da vida política portuguesa", disse.
Fabian Figueiredo considerou ainda estranho que Montenegro continue a fazer "alterações à estrutura societária da empresa, onde supostamente não tem intervenção desde o momento em que se tornou presidente do PSD".
Já a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, defendeu que as notícias que têm sido reveladas sobre Luís Montenegro e a Spinumviva demonstram que existe uma "mistura entre o exercício de cargos políticos e interesses particulares", que transparece igualmente em "opções políticas de favorecimento dos grupos económicos".
Paula Santos defendeu assim a moção de censura apresentada pelo PCP, desafiando os partidos a aprovarem-na se criticam a atual situação nacional e consideram que o Governo não merece confiança.
"Está na mão dos partidos políticos tomar essa decisão e, por isso, é que nós consideramos que esta moção de censura permite também essa clarificação: quem pretende que [se mantenha] esta situação de pântano contínuo ou quem quer, de facto, travar esta situação nacional?", perguntou.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.