"Uma acção militar pode causar devastação que levará várias gerações para recuperar", avisou o secretário-geral.
O diplomata disse ainda que a Coreia do Norte "deve cumprir completamente com as suas obrigações internacionais".
Sobre os críticos que têm pedido uma postura mais interventiva do secretário-geral, António Guterres disse que tem feito o que está ao alcance do seu cargo.
"Temos uma constituição, que é a Carta [das Nações Unidas]. Estou a fazer tudo o que posso dentro dos limites da Carta, com a mais ampla interpretação da Carta que posso fazer sem a violar. O momento em que violar a Carta, toda a minha capacidade para atuar ficará comprometida", explicou Guterres.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na segunda-feira, por unanimidade, um novo conjunto de sanções contra a Coreia do Norte, proposto pelos EUA, interditando as exportações têxteis e reduzindo o seu abastecimento em petróleo e gás.
O secretário-geral garantiu ainda estar a tentar construir uma boa relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Todos os esforços que tenho feito são para criar condições para que as relações entre os EUA e a ONU sejam construtivas, e espero que essa seja também a mensagem do Presidente Trump. Se essa for a mensagem, será bem recebida", disse António Guterres.
O secretário-geral referia-se ao discurso de Donald Trump na Assembleia Geral da ONU, que acontece na próxima semana em Nova Iorque, durante a qual os dois homens vão ter uma reunião de trabalho.
"Planeio encontrar-me com o presidente Trump. Não pretendo dizer sobre a Birmânia ou a Coreia do Norte algo diferente do que tenho dito. Em relação às mudanças climáticas, acredito que é uma ameaça séria, que eventos recentes o provaram de novo, que o Acordo de Paris é algo que tem de ser implementado pela comunidade internacional, com uma ambição renovada, e que a economia verde não é apenas necessária para salvar o planeta mas também a forma mais inteligente de olhar para o desenvolvimento neste momento", explicou António Guterres.
O diplomata foi ainda questionado sobre o novo lema da administração norte-americana, "América Primeiro", que sugere uma agenda com foco doméstico em que os EUA se afastam do palco principal na cena internacional.
"Podemos ter diferentes ideias em relação à palavra primeiro. Quando era primeiro-ministro de Portugal, sempre considerei que, para mim, Portugal vinha primeiro. Mas é minha convicção profunda que a melhor maneira de preservar o interesse americano é envolvendo-se de forma positiva nos assuntos internacionais e é apoiando organizações multilaterais como a ONU", explicou o português.
Questionado sobre se vai ter uma postura mais de confronto em relação aos EUA, como muitos críticos de Donald Trump têm pedido, o secretário-geral da ONU não quis responder.
"Vão poder ouvir o meu discurso, no início da assembleia, e ai as vossas perguntas serão respondidas", disse.