Na antevisão ao desafio da terceira e última jornada do grupo B, Fernando Santos assumiu conhecer "perfeitamente as características do jogo" de Irão, motivo pelo qual antevê um embate bastante complicado. "Temos os dois condições para chegar aos oitavos de final. Ambos queremos muito isso. Vamos tentar provar em campo que temos qualidade e capacidade para vencer. Sabemos muito bem das dificuldades, pois o Irão é excelente equipa, em minha opinião a melhor da Ásia", vincou.
A sustentar a opinião, o timoneiro luso recordou a campanha imaculada da formação orientada por Queiroz, que em 10 partidas no apuramento permitiu apenas um empate e dois golos, no 2-2 com a Síria, em casa, na última ronda, quando a qualificação já estava garantida. "Mostra mais-valia. [O Irão é] muito bem organizado, estrategicamente forte, com jogadores de qualidade e com experiência em campeonatos europeus, e estão pela segunda vez consecutiva no campeonato do Mundo. Com Marrocos e Espanha mostraram a sua capacidade, com duas belíssimas exibições", recorda, no êxito 1-0 sobre os norte-africanos e na derrota pelo mesmo resultado com o rival ibérico.
Imagens mostram festejos junto ao hotel da equipa das quinas. Portugal e Irão defrontam-se esta segunda-feira.
Fernando Santos avisa que não é apenas a "organização defensiva" a ditar a valia do desempenho dos persas: "Sabem sair muito bem no contra-ataque. Quando têm bola sabem jogar, foi o que fizeram".
O técnico não dá importância à diferença de ranking entre Portugal (4.º) e Irão (37.º), considerando que estas comparações levam muitas vezes a desvalorizar oponentes que não podem ser menosprezados. "Os jogos neste Mundial têm mostrado isso. Todas as equipas do mundo são muito bem trabalhadas, com jogadores muito experientes, muitos deles a actuar na Europa, com treinadores de muita qualidade. O Irão tem este treinador há seis anos, já fizeram o Mundial2014 do Brasil. Temos de o respeitar, se temos ambição de ir mais longe", frisou.
O treinador campeão europeu disse ainda que a amizade com o treinador adversário vai ficar suspensa durante 90 minutos. "Queiroz é meu colega e amigo há 35 anos. Somos e vamos continuar a ser amigos. Amanhã é que não, a amizade fica de lado", afirmou.
"Há 35 anos eu era jogador e ele treinador [adjunto de Mário Wilson no Estoril]. Ele trabalhava e dava aulas. Eu era engenheiro, por vezes víamo-nos no comboio porque não podíamos viajar com a equipa. Falávamos muito de futebol. Amanhã o meu colega vai defender o Irão, não tenho dúvidas nenhumas, porque ele é um grande profissional", vincou Santos.
Questionado sobre o sentimento de defrontar a selecção do seu próprio país, Fernando Santos lembrou o tempo em que dirigiu a Grécia frente a Portugal, num particular em Lisboa (0-0) quando a formação das "quinas", orientada por Paulo Bento, preparava o Mundial2014 do Brasil.
"Cada um sente à sua maneira. Eu do outro lado queria ganhar. Fiz um jogo particular, no entanto, claramente, queria vencer. Somos profissionais, os países não contam nesse aspecto", vincou, atestando o empenho de Queiroz segunda-feira em Saransk.
Queiroz pôs toda a responsabilidade sobre Portugal -- "eles têm tudo a perder e nós apenas a ganhar" -- porém Fernando Santos rejeita esse tipo de pressão, recordando que ambos os oponentes jogam coisas importantes.
"As duas equipas têm a perder e a ganhar. É jogo para passar aos oitavos. As que não conseguirem, perdem. Se ganharem, ganham qualquer uma delas. Não há mais perder e mais ganhar", sublinhou.
Entre outros argumentos, Queiroz lembrou sete ou oito futebolistas conhecidos a terem falhado um lugar nos 23 eleitos para o Mundial. Fernando Santos, não entrando nesse jogo, recordou as regras da FIFA e acrescentou dois nomes, Danilo, lesionado, e Ricardo Carvalho, que já não joga.
Fernando Santos lembrou que o desafio não vai ser entre seleccionadores nem entre Cristiano Ronaldo e outra equipa, mas "um jogo entre dois opositores fortíssimos"
Instado, novamente, a falar do vídeo-árbitro, o seleccionador disse que houve "dois lances em que poderia ter agido contra a Espanha" e não o fez, entendendo que os lusos também foram prejudicados contra Marrocos.
"Os árbitros procuram ser isentos e o VAR também. Portugal e o Irão, com toda a capacidade que tem demonstrado, vão ter um jogo extremamente difícil. Temos de ser competitivos e totalmente focados. É a chave para o jogo", concluiu.
Portugal e Espanha lideram o grupo B com quatro pontos, enquanto o Irão de Carlos Queiroz tem três, e Marrocos, já afastado, ainda não pontuou.
Portugal e Irão defrontam-se na segunda-feira na Arena de Saransk às 21h00, 19h00 em Lisboa, em partida dirigida pelo árbitro paraguaio Enrique Cáceres.