Sábado – Pense por si

Descobertos antibióticos eficazes contra bactérias multirresistentes

Lusa 02 de abril de 2024 às 12:35
As mais lidas

Aumento global da resistência aos antibióticos obriga à descoberta de novos compostos. Investigação foi conduzida na universidade de Uppsala, na Suécia.

Um consórcio multinacional liderado por cientistas da Universidade de Uppsala (Suécia) descobriu, e testou com sucesso em ratos, uma nova classe de antibióticos com capacidade de curar infeções causadas por bactérias multirresistentes.

Rafe Swan/Getty

A nova classe de antibióticos é descrita esta segunda-feira num artigo da revista científica 'Proceedings of the National Academy of Sciences' (PNAS).

A investigação foi realizada com o apoio do projeto europeu ENABLE, liderado pela Universidade de Uppsala e pela empresa farmacêutica GlaxoSmithKline, que juntamente com mais de cinquenta parceiros europeus da academia e da indústria, combinam recursos e conhecimentos para avançar no desenvolvimento de antibióticos contra bactérias multirresistentes. 

Os antibióticos são a base da medicina moderna e, ao longo do último século, melhoraram dramaticamente a vida das pessoas em todo o mundo.

Os humanos dependem destes para tratar ou prevenir infeções bacterianas, para reduzir o risco de infeção em tratamentos de cancro, em intervenções cirúrgicas invasivas, em transplantes e em mães e bebés prematuros, entre muitos outros usos.

No entanto, o aumento global da resistência aos antibióticos ameaça cada vez mais a sua eficácia. Para garantir o acesso a antibióticos eficazes no futuro, é urgente encontrar novos compostos.

O consórcio, liderado pela Universidade de Uppsala, desenvolveu um novo tipo de antibióticos que têm como alvo a proteína LpxH, que as bactérias Gram-negativas utilizam para gerar a membrana externa que as protege do ambiente e também de alguns antibióticos como a penicilina.

Nem todas as bactérias produzem esta camada, mas aquelas que o fazem incluem os organismos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou como os mais críticos para o desenvolvimento de novos tratamentos, incluindoEscherichia colieKlebsiella pneumoniae, que são resistentes aos antibióticos disponíveis.

A equipa mostrou que esta nova classe de antibióticos é altamente ativa contra bactérias multirresistentes e pode tratar infeções da corrente sanguínea em ratos, demonstrando seu potencial.

E como esta classe de compostos é completamente nova e a proteína LpxH ainda não foi explorada como alvo para antibióticos, não existe resistência preexistente a esta classe de compostos, destacam os autores.

A equipa advertiu que, embora os resultados atuais sejam muito promissores, será necessário um trabalho adicional considerável antes que estes compostos estejam prontos para ensaios clínicos.

O trabalho para descobrir e desenvolver esta nova classe de antibióticos foi apoiado pelo projeto ENABLE, no qual a Universidade de Uppsala e a empresa farmacêutica GlaxoSmithKline, juntamente com mais de cinquenta parceiros europeus da academia e da indústria, reúnem recursos e conhecimentos para avançar no desenvolvimento de antibióticos contra as principais bactérias Gram-negativas, comoE. coli,K. pneumoniae,P. aeruginosaeA. baumannii.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.