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Daesh pede a civis para saírem de Palmira perante ataque sírio

24 de março de 2016 às 11:07
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O auto-proclamado Estado Islâmico apelou esta quinta-feira aos cerca de 15 mil civis ainda no interior de Palmira que abandonem a cidade devido ao cerco das forças pró-sírias

O Estado Islâmico (EI) apelou hoje aos cerca de 15 mil civis ainda no interior de Palmira que abandonem a cidade porque as forças pró-sírias estão a apertar o cerco, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

"O EI disse aos altifalantes para os civis ainda em Palmira saírem porque os combates chegaram à periferia da cidade", afirmou o Observatório.

As tropas sírias e as milícias que as apoiam estão a preparar o assalto final à cidade, que o Estado Islâmico controla desde maio do ano passado, e na quarta-feira já se encontrava a dois quilómetros.

Trata-se do culminar de uma ofensiva que o exército lançou no início do mês, com o apoio de intensos raides aéreos russos.

Apesar dos excessos dos radicais islâmicos do EI, que incluíram decapitações públicas no antigo anfiteatro da cidade, cerca de 15 mil dos 70 mil habitantes ficaram na cidade sob o controlo do grupo terrorista, disse o diretor do Observatório, Rami Abdel Rahman.

"A grande maioria já tinha fugido. Só ficaram para trás aqueles que são demasiado pobres para fugirem", explicou.

As tropas governamentais e as milícias aliadas estavam a avançar devagar, porque o EI tinha colocado explosivos nos campos que rodeiam a cidade, afirmou ainda Abdel Rahman.

Mas os combates aceleraram hoje de manhã junto ao bairro de Hayy al-Gharf, no sudoeste da cidade.

As forças governamentais estavam a ser apoiadas por ataques aéreos sírios e russos contra as posições do EI.

A queda de Palmira provocou ondas de choque em todo o mundo, quando o Estado Islâmico lançou uma campanha sistemática de destruição dos monumentos classificados pela UNESCO como património mundial, fazendo explodir templos e pilhando relíquias que datam de há 2.000 anos.

A sua recaptura será vista como uma vitória estratégica, mas também simbólica, do presidente sírio, Bashar al-Assad, já que quem controla a cidade também controla o vasto deserto que se estende do centro da Síria até à fronteira com o Iraque, afirmam analistas.

Entretanto, o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, congratulou-se hoje por as tropas russas estarem a atacar "agora sistematicamente" o EI na Síria, e já não a oposição moderada apoiada pelos ocidentais.

"Eles reduziram a sua presença de forma significativa e sobretudo atacam agora sistematicamente o EI", disse Jean-Yves Le Drian na rádio francesa Europe 1.

"É uma boa notícia (...) É o que desejávamos há muito tempo".

O ocidente acusava há muito a aviação russa de se concentrar na oposição dita moderada, para reforçar o regime de damasco, em vez de se focar nas zonas controladas pelo EI.

Mas desde 27 de Fevereiro, o cessar-fogo patrocinado por Washington e por Moscovo, entre o exército sírio apoiado pela força aérea russa e os grupos rebeldes moderados - tem sido globalmente respeitado.