As pessoas são levadas até 20 quilómetros de distância para depois, voltarem para trás a pé como castigo.
A polícia da Guiné-Bissau está a levar pessoas apanhadas na rua sem máscara, no âmbito do combate à covid-19, para longe da sua zona de residência para depois terem de voltar a pé, disseram à Lusa várias fontes.
Nos últimos dias, com o aumento de casos de infeção pela covid-19, a polícia intensificou o controlo da exigência do uso de máscara e quem for apanhado é 'convidado' a subir para a viatura para ser transportado para fora da sua zona de residência.
É normal uma pessoa ser apanhada num bairro de Bissau e ser levada até perto de Quinhamel, Prabis ou Safim, localidades a mais de 20 quilómetros da capital para de lá regressar à pé, contou à Lusa Nico Yé, um jovem do bairro de Calequir, que há três dias "quase" foi levado até Quinhamel.
Nico escapou-se do castigo que seria ter de andar a pé uma distância de cerca de 40 quilómetros, porque tinha dinheiro para apanhar 'toca-toca' (transporte interbairros) para regressar do Bairro Militar para Calequir.
O argumento da polícia é que quem não tem máscara não pode estar na via pública, disse à Lusa fonte do Ministério do Interior, sublinhando não existir ordem expressa nesse sentido, mas que seria uma "tática para sensibilizar" as pessoas pelo uso daquela peça protetora.
O Presidente guineense promulgou em 24 de fevereiro o decreto de estado de calamidade no país por mais um mês devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus e que obriga à utilização de máscara na rua.
O ritual da polícia começa pela abordagem à pessoa encontrada na via pública sem máscara a quem convida a usar em caso de a ter guardada no bolso, na mala, na mochila ou no carro.
Se a pessoa disser que não a tem é convidada a comprar no posto de venda mais perto ou num vendedor ambulante.
Se a pessoa não tiver dinheiro (100 francos CFA [0,15 euros] por cada máscara) é logo obrigada pela polícia a subir para a carrinha de caixa aberta para ser transportada para um lugar distante.
Logo que a pandemia foi declarada na Guiné-Bissau, em março de 2020, a polícia foi acusada por vários setores da sociedade de maus-tratos aos cidadãos aos quais infligiu açoites, obrigação de flexões na via pública ou pagamento de coimas por falta de uso de máscaras.
Mesmo com a tática da polícia de transportar pessoas para zonas distantes da sua área de residência, alguns guineenses continuam a considerar que a covid-19 não é motivo para preocupação.
Alguns consideram que a doença "só apanha quem toma sopa", "quem vem da terra dos brancos" ou mesmo "quem nunca teve paludismo na vida".
O paludismo, ou a malária, é uma doença endémica na Guiné-Bissau.
O Alto-Comissariado para a Covid-19 na Guiné-Bissau tem multiplicado os apelos para a obrigatoriedade do uso de máscara e para o cumprimento das restantes medidas de proteção, incluindo o respeito pelo distanciamento e a lavagem constante das mãos.
Desde que foram detetados os primeiros casos de covid-19 no país, em 25 de março de 2020, a Guiné-Bissau registou um total acumulado de 3.282 casos e 48 vítimas mortais.
Covid-19: Polícia guineense força a "longa caminhada" quem andar sem máscara na rua
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