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Coreia do Norte acusa diplomata desertor de violação

20 de agosto de 2016 às 19:00
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A Coreia do Norte considerou hoje que o vice-embaixador do país no Reino Unido, que desertou esta semana, é "um criminoso" a quem tinha sido dada ordem de regresso ao país para ser interrogado

Thae Yong-ho, "número dois" da missão norte-coreana em Londres, fugiu para Seul com a mulher e o filho. No passado dia 17 de Agosto, a Coreia do Sul confirmou a deserção do vice-embaixador da Coreia do Norte no Reino Unido. 

Hoje, a agência central de notícias de Pyongyang KCNA noticiou que Thae Yong-Ho desviou grandes somas de dinheiro, violou uma menor e espiou para a Coreia do Sul.

O Reino Unido é criticado por entregar a "escumalha humana" - Thae e a sua família - à Coreia do Sul, afirmando que Pyongyang tinha anteriormente avisado Londres dos seus crimes e pedido a sua extradição.

Esta é a primeira resposta pública da Coreia do Norte à deserção de um alto responsável norte-coreano, o que acaba por fragilizar a diplomacia daquele país.

No início da semana, Seul tinha afirmado que a deserção de Thae reflecte a perda de fé entre a elite da Coreia do Norte sob a liderança de Kim Jong-Un.

O diplomata na televisão sul-coreana

Thae ficou desiludido com o regime norte-coreano depois de ter ficado admirado com a liberdade e a democracia na Coreia do Sul, mas estava preocupado com o futuro da sua família, disse na altura Seul.

O diplomata norte-coreano terá trabalhado na embaixada de Londres durante 10 anos, tendo como principal tarefa contrariar a imagem da Coreia do Norte como um Estado pária e nuclear que violava os direitos humanos.

Em Abril, o Governo sul-coreano anunciou que 13 norte-coreanos - um homem e 12 mulheres -, que trabalhavam em restaurantes do regime de Pyongyang no estrangeiro, pediram asilo a Seul, na primeira fuga de todo o pessoal de um estabelecimento.

Depois de um período de aproximação, as relações entre as duas Coreias tem vindo a deteriorar-se desde 2010, ano marcado por dois incidentes graves: o torpedeamento de uma corveta sul-coreana, em Março, que provocou 46 mortos e foi atribuído a Pyongyang por um inquérito internacional, e o bombardeamento de uma ilha sul-coreana pelo Norte em Novembro, onde morreram quatro pessoas.  

As tensões agravaram-se consideravelmente na península coreana depois do quarto teste nuclear norte-coreano de 6 de Janeiro, seguido, a 7 de Fevereiro, pelo lançamento de um foguetão, que o regime de Pyongyang disse transportar um satélite de comunicações e que a comunidade internacional considerou um ensaio de um míssil balístico.

As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra desde o fim do conflito de 1950-53, que terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.