A X Comissão de Inquérito sobre o desastre que vitimou Sá Carneiro e Amaro da Costa sublinha a falta de colaboração das autoridades americanas
CDS-PP e PCP concordaram esta sexta-feira com a falta de colaboração das autoridades norte-americanas face aos trabalhos da X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, cujo relatório final já foi aprovado na especialidade, com a abstenção dos comunistas.
"Lamentamos que os EUA não tenham colaborado com o esclarecimento destas questões e esperamos que o futuro traga alguma luz sobre esta matéria", afirmou o deputado democrata-cristão Ribeiro e Castro, caracterizando as mortes de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, a 04 de Dezembro de 1980, como "o crime perfeito", pois A "os seus assassinos, até hoje, escaparam à justiça portuguesa".
O parlamentar centrista sublinhou a perseverança dos familiares das vítimas do "atentado" porque "tiveram de ser várias vezes as famílias a explicar ao Estado por que mataram os seus ministros e em vez de ser o Estado a explicar-lhes por que mataram os seus filhos".
"A comissão é proposta por PSD e CDS, devido a testemunhas que afirmavam ter cometido o atentado por encomenda da CIA, mas depois omitem das conclusões o facto de a CIA e a Embaixada dos EUA não terem colaborado com o inquérito, em mais uma demonstração de subserviência ao seu não muito fiel amigo, os EUA", lamentou o deputado do PCP Jorge Machado, justificando ainda a abstenção com o facto de as críticas do relatório à Polícia Judiciária e à Procuradoria-Geral da República, "a propósito de investigações com mais de 30 anos, serem completamente injustificadas sem sustentação suficiente".
A deputada socialista Isabel Oneto, disse que "sem querer retirar legitimidade ao parlamento como órgão de soberania", considerou que a Assembleia da República "já esgotou o seu contributo e capacidade relativamente à tragédia de Camarate", salientando que se deve ter em conta o "contexto daqueles anos de 1980, conturbados, de ambiente político pós-revolução e de estabilização da democracia" para compreender a actuação das autoridades judiciárias e políticas de então.
"Ouvimos muitos 'não me lembro' de muita gente que assinou documentos e elaborou relatórios", destacou o deputado-relator e social-democrata Pedro do Ó Ramos, condenando "a forma ligeira como a administração e a justiça trataram diversas diligências", algo com que o seu colega de bancada Miguel Santos concordou: "memória, infelizmente, selectiva de alguns depoentes".
A maioria PSD/CDS-PP e o PS apresentaram projectos de resolução conjuntos recomendando ao Governo um inquérito para esclarecer o desaparecimento dos arquivos do Estado-Maior General das Forças Armadas, Ministério da Defesa Nacional e Ministério dos Negócios Estrangeiros de documentos sobre exportação de material de guerra para o Irão na década de 1980 e a constituição de um acervo documental digital sobre o sucedido em Camarate para ser colocado na página da Internet do parlamento.
O inquérito, cujos trabalhos foram presididos pelo social-democrata Matos Rosa, adoptou as conclusões anteriores da tese de atentado e voltou a debruçar-se sobre a noite de 04 de Dezembro de 1980, quando a Aliança Democrática (PPD/PSD, CDS e PPM) apoiava Soares Carneiro, derrotado posteriormente por Ramalho Eanes.
Há 35 anos, o então primeiro-ministro e o seu ministro da Defesa, respectivamente Sá Carneiro (PPD) e Amaro da Costa (CDS), morreram, tal como a tripulação e restante comitiva, a bordo de um Cessna 421 A, o qual se despenhou pouco depois de levantar voo de Lisboa, rumo ao Porto, para um comício.
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