Secções
Entrar

Rangel surpreso com "reacção desmesurada" às suas declarações

01 de setembro de 2015 às 10:41

O eurodeputado do PSD afirmou que não ia responder ao Partido Socialista

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel manifestou-se hoje surpreso com a "reacção desmesurada" às suas declarações proferidas sábado na Universidade de Verão do partido, nas quais elogiou "o ataque sério e consistente" à corrupção e "promiscuidade".

No sábado, na Universidade de Verão do PSD, o eurodeputado social-democrata elogiou o "ataque sério e consistente" feito nos últimos tempos à corrupção e "promiscuidade" e questionou se "alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação" [José Sócrates] ou "o maior banqueiro estaria sob investigação" [Ricardo Salgado].

Num artigo publicado hoje no jornalPúblico, Paulo Rangel diz estar surpreso com a "reacção desmesurada de tantos à leitura de sociologia criminal e política" e salientou que não vai responder ao PS.

"Não vou responder ao PS, nem aos modos 'enfurecidos' - segundo a imprensa - da sua reacção. O PS usou o conteúdo vasto e complexo da aula como lhe parecia dar mais jeito: Ironicamente, foi essa a reacção que trouxe o caso Sócrates para a ribalta. Mas não me cabe defender o PS de si próprio", sublinhou.

O eurodeputado do PSD diz também que não vai pronunciar-se sobre os comentadores que falaram sobre as suas declarações de sábado: "(...) Não vou pronunciar-me sobre os comentadores que, nos vários meios, formularam opiniões para todos os gostos. As afirmações, depois de proferidas, ganham vida própria e não cabe ao autor cercear a liberdade e a imaginação de quem rectamente as interpreta, intencionalmente as distorce ou inconscientemente as treslê".

No artigo, Paulo Rangel reitera ainda tudo o que disse na Universidade de Verão do PSD.

"Insisto: A perseguição dos poderosos na política ou na finança não é obra do governo, mas o clima social, a disposição popular e atitude dos responsáveis políticos criam um ambiente favorável a um exercício são e pleno da justiça. Foi isto que disse e é isso que reitero", afirma.

De acordo com Paulo Rangel, os mesmos que aplaudiram a acusação judicial do primeiro-ministro islandês por ter desenvolvido uma política que levou o país à bancarrota vêem politização da justiça na referência à criação de um ambiente favorável à investigação de um banqueiro e de um líder político, que terão praticado crimes de delito comum.

"Podem dizer o que quiserem. Mas sob o ponto de vista do Estado de Direito, o ar é hoje bem mais respirável do que era em 2009 e 2011", concluiu.

No sábado, pouco depois das declarações de Paulo Rangel, o eurodeputado do PS Francisco Assis acusou o PSD de estar a fazer "uma tentativa clara de partidarização da justiça" e exigiu a Pedro Passos Coelho que clarifique se se reconhece nas declarações do eurodeputado.

O porta-voz do PSD, Marco António Costa, afirmou que a posição oficial do partido, da coligação e do Governo é não comentar assuntos judiciais e recusou acrescentar qualquer posição à proferida por Passos Coelho sobre as declarações de Paulo Rangel.

Também a presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), Maria José Costeira, qualificou as declarações do eurodeputado social-democrata como "infelizes" e que em nada dignificam o discurso político e o secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Filipe Preces, disse tratar-se de "chicana política".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela