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PSD diz que "está em causa segurança nacional" no caso de Tancos

14 de julho de 2018 às 12:37

Fernando Negrão considera "inacreditável" que ainda existam armas e explosivos por encontrar do material militar furtado há um ano do quartel de Tancos.

O PSD exigiu hoje esclarecimentos urgentes sobre a existência de material militar furtado de Tancos ainda por localizar e promete confrontar, na terça-feira, o ministro da Defesa com este assunto.

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Assembleia da República

Numa nota na sua página na rede social Facebook, o líder parlamentar Fernando Negrão considera "inacreditável" que ainda existam armas e explosivos por encontrar do material militar furtado há um ano do quartel de Tancos (Santarém), segundo noticia hoje o semanário Expresso.

"Está em causa a segurança nacional. O roubo aconteceu em instalações das Forças Armadas, a investigação foi feita pela Polícia Judiciária Militar e o resultado é a total falta de transparência", criticou Fernando Negrão.

O líder parlamentar do PSD, que na sexta-feira no debate do Estado da Nação já tinha dito que o Governo "não está interessado em apurar a verdade sobre este caso", acusa ainda o executivo de "não cuidar das funções de soberania" nem da segurança dos portugueses, exigindo "urgentes esclarecimentos".

Numa nota enviada à Lusa, o deputado do PSD Pedro Roque, coordenador da bancada social-democrata na Comissão parlamentar de Defesa, assegura que o partido irá confrontar o ministro Azeredo Lopes com esta matéria na audição parlamentar marcada para terça-feira.

"Embora a audição seja sobre a cimeira da NATO a gravidade do noticiado, a ser verdade, é de uma gravidade extrema. Aquilo que foi dito aos portugueses, pelo Exército e pelo Governo, foi que todo o material furtado tinha sido recuperado e ainda, estranhamente, acrescido de uma caixa de petardos não inventariada", acrescenta o deputado.

Numa posição posteriormente enviada à Lusa, Pedro Roque adiantou que para "não prejudicar o importante assunto relativo às conclusões da cimeira da NATO desta semana, o PSD irá requerer o desdobramento da audição de modo a ambos os assuntos serem abordados".

Pedro Roque salientou tratar-se de "material de guerra letal que, em mãos erradas, pode ser usado em atentados terroristas".

"Consequentemente, o tratamento deste assunto pelos responsáveis políticos e operacionais deve ser rigoroso e transparente", defende.

Segundo o semanário Expresso, os procuradores do Ministério Público salientam num recurso que, "ao contrário do que tinha sido veiculado pelo Exército e pelo Ministério da Defesa", ainda existe material que não foi recuperado.

O jornal salienta que em causa estão granadas e explosivos, referindo que o Ministério Público considera que "a segurança nacional está em perigo enquanto os assaltantes não forem capturados".

Na sexta-feira à noite, a notícia do Expresso levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a fazer um novo comunicado sobre esta matéria, na página oficial da Presidência, reafirmando a exigência de esclarecimentos cabais sobre o caso de modo "ainda mais incisivo e preocupado".

"E tem a certeza de que nenhuma questão envolvendo a conduta de entidades policiais encarregadas da investigação criminal, sob a direcção do Ministério Público, poderá prejudicar o conhecimento, pelos portugueses, dos resultados dessa investigação. Que o mesmo é dizer o apuramento dos factos e a eventual decorrente responsabilização", acrescenta ainda o chefe de Estado.

O furto de material militar de Tancos -- instalação entretanto desactivada -- foi detectado a 28 de Junho durante uma ronda móvel, pelas 16h30, por um sargento e um praça ao serviço do Regimento de Engenharia 1.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e grande quantidade de munições.

A 18 de Outubro passado, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de Junho, à excepção das munições de 9 milímetros.

Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do que tinha sido roubado, o que foi atribuído pelo Exército a falhas no inventário.

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