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O adeus de Portugal a Soares "é muito impressionante", diz Marcelo

09 de janeiro de 2017 às 22:01

O movimento intenso de anónimos e figuras públicas não parou durante toda a tarde, com o período de espera para entrar na Sala dos Azulejos a demorar, em média, 30 minutos. "Soares é fixe", ouviu-se por Lisboa

A homenagem que os portugueses estão a prestar a Mário Soares mostra "a gratidão do País" em relação ao antigo Chefe de Estado. A convicção é do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que foi muito curto nas declarações prestadas aquando da sua presença no Mosteiro dos Jerónimos, local do velório do fundador do PS. "É muito impressionante", reforçou Marcelo, considerando que a presença dos portugueses em grande número é uma resposta "ao apelo da História". 

O corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, desde as 13h10 desta segunda-feira, depois de ter sido saudado por milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas de Lisboa com escolta a cavalo da GNR, ao som de "Soares é fixe".  Já nos Jerónimos, o movimento intenso de anónimos e figuras públicas não parou durante toda a tarde, com o período de espera para entrar na Sala dos Azulejos a demorar, em média, 30 minutos. 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, receberam o cortejo fúnebre do antigo chefe de Estado no Mosteiro à porta dos Jerónimos, onde regressaram antes das 20h00 para mais uma homenagem. Na chegada da urna num armão puxado por quatro cavalos brancos esteve também a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, a representar o Governo.

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Foto: Alexandre Azevedo
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Do Executivo, recém regressado da Índia, onde o primeiro-ministro, António Costa, se encontra em visita oficial, esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Questionado pelos jornalistas sobre o facto de António Costa ter mantido a visita após a morte do ex-Presidente, Santos Silva considerou que foi "uma bela homenagem" a Soares, que a compreenderia.

Os antigos Presidentes da República Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, os líderes do CDS-PP, Assunção Cristas, e do PCP, Jerónimo de Sousa, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o ex-dirigente socialista António José Seguro foram algumas da personalidades que se deslocaram também aos Jerónimos para se despedirem de Mário Soares e darem um abraço aos filhos do falecido, João e Isabel.

O cardeal-patriarca, Manuel Clemente, o ex-chefe do Governo José Sócrates, o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o ex-presidente do Sporting Dias da Cunha, o fadista Carlos do Carmo, os actores Vítor de Sousa e Lurdes Norberto, os jornalistas Carlos Magno e Vicente Jorge Silva, o padre Vitor Feytor Pinto, o empresário Ilídio Pinho e o humorista Ricardo Araújo Pereira, foram outros dos presentes.  O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o maestro António Victorino d´Almeida, o ministro das Finanças, Mário Centeno, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues, o ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro e o ex-eurodeputado e fundador do partido Livre Rui Tavares também marcaram presença.  Ex-dirigentes políticos como José Pacheco Pereira e José Vera Jardim foram também aos Jerónimos apresentar condolências à família de Soares, tal como os ex-ministros Marçal Grilo, Nobre Guedes e Leonor Beleza.

Os elogios da oposição e do amigo Sócrates

Nas declarações no exterior do mosteiro, Pedro Passos Coelho sublinhou que Mário Soares está a ter uma "homenagem nacional", sentida por todos os portugueses, enquanto o líder comunista, Jerónimo de Sousa, optou por manifestar o seu pesar e recordar o "combate contra a ditadura fascista". 


Assunção Cristas destacou o papel de Soares na consolidação da democracia pluripartidária e na adesão de Portugal à Europa. Catarina Martins lembrou que esteve ao lado de Soares na luta contra a guerra do Iraque e classificou o ex-Presidente como um "marco da história do século XX e da democracia portuguesa".

Os dirigentes históricos socialistas Manuel Alegre e Edmundo Pedro estiveram também nos Jerónimos. Alegre considerou que Mário Soares "não desaparece", porque ficará na memória de todos os que prezam os valores da liberdade, democracia, justiça social e tolerância. Edmundo Pedro recordou os combates com o amigo Mário Soares, "sempre do mesmo lado".

José Sócrates não poupou elogios ao homem que esteve ao seu lado "nos últimos tempos". "O dr. Mário Soares é um grande companheiro de política e um grande amigo. Essa memória é muito pessoal, reservo-a a quem está próximo de mim, não gosto de falar dos meus sentimentos mas imaginam o que significou para mim a amizade sempre presente de Mário Soares", disse.  "Mário Soares foi talvez o político carismático do século XX. O político que se bateu em primeiro lugar contra a ditadura e que ganhou o carisma de combatente, e que foi capaz depois, em liberdade, do 25 de Abril, de ter encarnado o carisma de reconciliação", afirmou Sócrates, rematando: "Mário Soares teve uma vida cheia, plena, realizada, por isso ao olharmos hoje para trás o que podemos é celebrar e honrar a memória de um homem que foi absolutamente extraordinário na política portuguesa."

O funeral realiza-se esta terça-feira, pelas 15h30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.

Nascido a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS. Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respectivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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