Secções
Entrar

Autoridade Canal do Suez exige €767 milhões de indemnização a armador do Ever Given

13 de abril de 2021 às 21:25

Navio, de 400 metros e com uma capacidade de 200.000 toneladas, bloqueou a circulação no Canal do Suez durante seis dias.

A Autoridade do Canal do Suez (SCA) exigiu uma indemnização de 916 milhões de dólares (767 milhões de euros) aos proprietários do porta-contentores 'Ever Given' para libertar o navio, indicou hoje a seguradora britânica UK P&I Club.

O navio, de 400 metros e com uma capacidade de 200.000 toneladas, bloqueou a circulação no Canal do Suez depois de encalhar e ter-se atravessado em 23 de março, até que se conseguiu rebocá-lo, após várias tentativas, seis dias depois.

O Tribunal Económico de Ismaília, capital da província homónima na margem ocidental do Canal de Suez, aproximadamente a meio caminho em Porto Said, ao norte, e Suez, ao sul, ordenou hoje a retenção do navio, que se encontra à guarda das autoridades egípcias desde o fim do bloqueio que causou quando cruzava o Canal de Suez no final de março.

Num comunicado, a seguradora britânica diz "lamentar" a decisão das autoridades egípcias de arrestar o navio até ao pagamento da indemnização.

A UK P&I Club indicou que a Autoridade do Canal do Suez "não avançou uma justificação pormenorizada" para o pagamento da indemnização, que inclui uma rubrica de 300 milhões de dólares (251 milhões de euros) por "danos reputacionais" e outro montante idêntico pelo a título de "bónus de salvamento", não avançando as razões para o valor em falta (316 milhões de dólares -- 265 milhões de euros)

"Apesar da magnitude da reclamação, que em grande parte não tem suporte, os proprietários e as suas seguradoras têm negociado de boa-fé com a SCA", disse a empresa. 

Em 12 de abril, referiu, a seguradora fez uma "oferta generosa e cuidadosamente estudada", razão pela qual a decisão da autoridade do canal de reter o navio constitui uma "deceção".

"Também estamos dececionados com os comentários feitos pela SCA de que o navio ficará retido no Egito até que seja paga a indemnização e que a tripulação não poderá sair durante esse período", acrescentou.

A seguradora destaca na nota que o bloqueio do canal não gerou "contaminação" nas águas nem causou feridos, realçando que, quando ocorreu o acidente, o navio estava "em pleno funcionamento, sem defeitos nas máquinas ou no equipamento".

A decisão do tribunal, segundo a Autoridade do Canal do Suez, é uma "decisão oficial e um mero procedimento legal" que permite legalizar a retenção do navio, que se encontra atracado na zona do Grande Lago no ponto intermédio da infraestrutura, onde foi submetido a inspeções técnicas para comprovar que não sofreu danos.

Inicialmente, estava previsto que o porta-contentores retomasse o caminho rumo a Roterdão (Países Baixos), mas acabou apresado no Egito.

Numa primeira estimativa após o incidente, a Autoridade do Canal de Suez calculou perdas entre 12 e 15 milhões de dólares (entre 10 e 12,8 milhões de euros) por cada dia que o 'Ever Given' bloqueou a passagem marítima, gerando um grande engarrafamento. 

Mais de 400 embarcações de diferentes tipos chegaram a acumular-se no Mar Vermelho e no Mar Mediterrâneo a aguardar a possibilidade de atravessar o canal, por onde passa mais de 10% do comércio marítimo mundial.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela