Áustria legaliza eutanásia para pessoas com doenças graves ou incuráveis
Cada situação terá de ser avaliada por dois médicos, um dos quais deverá ser qualificado em medicina paliativa. Os médicos devem determinar se o paciente é capaz de tomar a decisão de forma independente.
O Parlamento da Áustria aprovou na quinta-feira a legalização da morte medicamente assistida para pessoas com doenças graves ou incuráveis, na sequência de uma decisão judicial que considerou a atual proibição uma violação dos direitos fundamentais.
O Tribunal Constitucional austríaco tinha determinado, há um ano, a revisão por parte do Governo da legislação que pune a eutanásia com até cinco anos de prisão.
O projeto de lei aprovado por todas as forças políticas, à exceção do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, determina que os adultos em estado terminal ou portadores de doença incurável e debilitante podem recorrer à morte medicamente assistida.
Cada situação terá de ser avaliada por dois médicos, um dos quais deverá ser qualificado em medicina paliativa.
Os médicos devem determinar se o paciente é capaz de tomar a decisão de forma independente.
Deve ainda ser respeitado um período de pelo menos 12 semanas antes que o acesso à eutanásia seja concedido, para garantir que o pedido não surge devido a uma crise temporária.
Este período é, no enanto, reduzido para duas semanas para pacientes em "fase terminal".
A ministra da Justiça, Alma Zadic, destacou que esta lei "atua no respeito da dignidade humana" mas também "visa garantir que ninguém escolhe o caminho da morte" e que "há outras possibilidades".
Foi ainda atribuído um orçamento de 108 milhões de euros para o desenvolvimento dos cuidados paliativos naquele país.
O Governo tinha divulgado a sua proposta em outubro, que foi submetida à avaliação de especialistas antes de ser apresentada no Parlamento.
Caso não tivesse sido aprovada esta nova lei até final de dezembro, a atual proibição da eutanásia teria caducado e a prática ficaria sem regulamentação.
Na Europa, países como a Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo ou Espanha já legalizaram a morte medicamente assistida.
Em Portugal a legislação sobre a eutanásia reuniu em 2021 maioria alargada no parlamento, mas esbarrou no Tribunal Constitucional (TC), na sequência de um pedido de fiscalização do Presidente da República, e depois num veto político, aguardando desfecho na próxima legislatura.
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