
Al Sharaa, o homem forte e um país retalhado
Ahmed al-Sharaa tem uma Constituição à medida da ambição que o levou da guerra jihadista à pose de estadista conciliador. Os 1.500 alauitas mortos em cinco dias mostram que o puzzle ainda é explosivo.
Ahmed al-Sharaa tem uma Constituição à medida da ambição que o levou da guerra jihadista à pose de estadista conciliador. Os 1.500 alauitas mortos em cinco dias mostram que o puzzle ainda é explosivo.
As novas autoridades sírias, lideradas por Mohamed al-Bashir como primeiro-ministro interino, manifestaram o desejo de estabelecer boas relações com a comunidade internacional e afirmaram que irão proteger os direitos de todas as pessoas.
Desde a queda de Bashar al-Assad foram descobertas na Síria várias instalações de fabrico de captagon, que ajudaram a florescer um comércio global anual de 10.000 milhões de dólares (9.550 milhões de euros) desta droga altamente viciante, que era sobretudo traficada para os países vizinhos do mundo árabe.
"População da Síria livre, a vitória é uma grande responsabilidade e é uma responsabilidade de todos nós", afirmou Mohamed al-Bashir, numa das suas primeiras declarações no novo cargo.
A queda de Assad surge ao retardador de uma Primavera Árabe longínqua num calendário hoje dominado por muitas outras inquietações. O futuro da Síria passou a ser ainda mais imprevisível.
Segundo o aiatolá Ali Khamenei, o governo de um país vizinho da Síria também "desempenhou um papel claro no que está a acontecer", no que se crê ser uma referência à Turquia.
Al-Bashir administrou o Governo de Salvação de Idlib, instalado pelos rebeldes ao regime de Assad em 2016 em zonas por eles dominadas.
Grupo vai anunciar em breve uma lista de alvos.
Tudo aponta que será o HTS a assumir o poder na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad. Contudo, a luta de diversos grupos de rebeldes poderá resultar num cenário mais uma vez catastrófico para o povo sírio.
Herdeiro do poder conquistado pelo pai, Hafez al-Assad, em 1970, Bashar não conseguiu sobreviver a uma guerra civil que se prolongava desde 2011. Fugido do país, será para a minoria alauita, a que pertence, que os rebeldes sírios se vão voltar.
Filho de uma professora e de um economista, ligou-se ao jihadismo depois de a família o afastar de uma mulher. Esteve preso numa incubadora de terroristas e agora, apresenta-se como um conciliador. Será?
Bashar al-Assad mantém-se na capital. Rússia e Síria estão a atacar militantes do Hayat Tahrir al-Sham, mas Moscovo já ordenou aos seus cidadãos que saíssem da Síria.
Pela primeira vez desde o início da guerra civil na Síria, em 2011, o regime do Presidente Bashar al-Assad perdeu o controlo total de Alepo, a segunda maior cidade do país.
Regime de Bashar al-Assad parece ter sido apanhado de surpresa pelos ataques rebeldes a Aleppo. Grupos parecem ter aproveitado "distração" da Rússia e do Irão.
Não se registava uma ofensiva contra o governo de Assad como esta desde 2016. Rebeldes sírios já a estariam a preparar há algum tempo.
Ataques aéreos conjuntos da Síria e da Rússia tiveram como objetivo principal o bairro de Al Furqan, por onde os combatentes da aliança da Organização pela Libertação do Levante e de outras fações apoiadas pela Turquia estavam a entrar.