A queda de Assad surge ao retardador de uma Primavera Árabe longínqua num calendário hoje dominado por muitas outras inquietações. O futuro da Síria passou a ser ainda mais imprevisível.
1. DAMASCO CAIU EM POUCAS HORAS E ASSIM TERMINOU O MEIO SÉCULO DE DOMÍNIO da família Assad na Síria e do seu partido Baath. Os rebeldes sunitas anti-Irão avançaram de Idlib para Aleppo, depois Hama, Homs e finalmente a capital. Bashar Al-Assad, oftalmologista que agarrou o poder após a morte precoce, num acidente de automóvel, do irmão Bassel a quem o pai Hafez, de origem alauita (um ramo minoritário e secular do xiismo), destinava a sucessão, mandava na Síria desde 2000. Em 2011, a Primavera Árabe também parecia chegar a Damasco, mas Assad foi resistindo, com ajuda do Irão, do Hezbollah e, mais tarde, de Putin. Mais de um milhão de mortos depois, 13 anos de guerra civil retalharam a Síria: as forças de Assad já só controlavam o centro e o sul; o noroeste tinha domínio do HTS, grupo que herdou milícias vindas da Al-Qaeda e resquícios do Daesh, com foco sunita mas uma certa preocupação do seu líder, Jolani, que já teve a cabeça a prémio pelos americanos, de se mostrar um “radical pragmático”. A queda de Assad surge ao retardador de uma Primavera Árabe longínqua num calendário hoje dominado por muitas outras inquietações. O futuro da Síria passou a ser ainda mais imprevisível. Vem aí o jihadismo, em modo pós-Al-Qaeda e pós-Daesh? Ninguém pode garantir que não. “Just in case”, Biden saudou a queda do tirano, mas mandou bombardear 75 alvos do Estado Islâmico. Vencedores? Israel (o Hezbollah está fragilizado) e Erdogan (arqui-inimigo de Assad). Derrotados: Putin (a Rússia não aguenta mais que uma frente de guerra) e o Irão (mais um sinal de enfraquecimento do regime dos aiatolas).
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
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