As vítimas foram quase todas adultas. Há apenas registo de uma menor, com 17 anos.
Segundo dados divulgados esta segunda-feira pela UNICEF, em Portugal registaram-se 80 casos de mutilação genital feminina no espaço de um ano.
Os casos foram registados na Plataforma de Dados de Saúde (PDS), refere a UNICEF no Relatório Intercalar de Execução do Programa de Acção para a Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital Feminina (2014-2017), documento em que alerta para as consequências nocivas da prática em várias comunidades no mundo.
As vítimas foram quase todas adultas. Há apenas registo de uma menor, com 17 anos.
Eram provenientes, na esmagadora maioria, da Guiné-Bissau (53), seguindo-se, em termos de representatividade, a Guiné-Conacri (20), a Eritreia (2), o Senegal (2), e a Nigéria, a Gâmbia e o Egipto, cada um com 1 caso registado, de acordo com a informação recolhida.
Numa declaração conjunta, as directoras executivas da UNICEF, Henrietta Fore, e do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População), Natalia Kanem, afirmam que a mutilação genital feminina é um ato violento que causa infecções, doenças, complicações no parto e até mesmo a morte. "Uma prática cruel que inflige danos emocionais para toda a vida e atinge os membros mais vulneráveis e com menos poder da sociedade: raparigas até aos 15 anos de idade. Uma violação dos direitos humanos que reflecte e perpetua a desvalorização das raparigas e mulheres em demasiados lugares do mundo".
Consideram também que constitui um obstáculo ao bem-estar das comunidades e das economias.
As duas responsáveis afirmam que nos países em que têm trabalhado, as raparigas têm hoje menos um terço da probabilidade de serem submetidas a esta prática do que em 1997.
"Mais de 25 milhões de pessoas em cerca de 18.000 comunidades em 15 países rejeitaram publicamente a prática desde 2008. Globalmente, a sua prevalência diminuiu quase um quarto desde 2000", lê-se na declaração.
Porém, as estimativas indicam que até 2030, mais de um terço do total de nascimentos em todo o mundo ocorrerá nos 30 países onde a mutilação genital feminina é praticada.
"Se não houver um progresso acelerado para proteger o número crescente de raparigas em risco, milhões delas poderão vir a ser cortadas nesses países até 2030", advertem.
Na informação hoje divulgada, a mesma fonte recorda um estudo realizado em 2015 pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, segundo o qual, em Portugal, o número de mulheres em idade fértil que poderá ter sido submetida à prática ronda as 5.246. Ao ter em conta todas as mulheres com mais de 15 anos, o indicador sobe para 6.576, "o que corresponde a 49% do número de mulheres residentes no território português nascidas em países praticantes".
UNICEF alerta para 80 casos de mutilação genital feminina num ano
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