Banco de horas individual, ‘outsourcing’ logo após despedimentos ou o alargamento dos serviços mínimos em caso de greve estão entre as medidas mais contestadas pela UGT.
A retirada da proposta que está em cima da mesa era a condição
colocada pela UGT para desconvocar a greve geral, mas a central sindical espera
agora que, ainda que isso não aconteça, o Governo “reinicie um verdadeiro processo
negocial sem traves mestras imutáveis em cima da mesa”.
Sérgio Monte, UGT
Questionado pelo Negócios, depois de a ministra do Trabalho
ter convocado uma reunião para terça-feira, o secretário-geral adjunto da UGT,
Sérgio Monte, confirma o encontro, lembra que a central sindical se mostrou disponível para retomar
a negociação no dia seguinte ao da greve geral e explica
isso mesmo.
“Retirar a proposta era a condição para desconvocar a greve
geral. Agora, face ao que consideramos ser o êxito da greve geral, o ideal
seria que esta proposta fosse retirada e começar tudo de novo. Mas, ainda
que isso não aconteça, esperamos que se reinicie um verdadeiro processo
negocial sem traves mestras imutáveis em cima da mesa, sejam elas quais forem”.
As traves mestras referem-se à expressão utilizada pela
ministra do Trabalho nos últimos meses, durante os quais garantiu em diversas
ocasiões que não
iria prescindir do essencial da proposta. Já depois do anúncio da
paralisação, Rosário Palma Ramalho enviou
um conjunto de alterações à UGT que introduzem a jornada contínua no
privado, recuperam a majoração dos três dias de férias mas que também incluem novas propostas das associações patronais, sem corrigir matérias relativas ao
banco de horas individual, aos despedimentos ou à greve. As propostas foram
publicamente consideradas insuficientes pela central sindical que explicou que
nalguns pontos “até são piores”.
Entre as medidas do anteprojeto que a UGT mais contesta estão a recuperação do banco de horas por negociação individual, a possibilidade
“outsourcing” logo após despedimentos, a hipótese de o trabalhador poder renunciar
a créditos quando sai da empresa (através da chamada remissão abdicativa), o alargamento da duração dos contratos a prazo, as
alterações que facilitam a caducidade das convenções coletivas ou que alargam serviços mínimos nas greve.
Nas últimas semanas, a ministra do Trabalho assegurou
que iria dar tempo às negociações e garantiu que “não tem qualquer imobilismo”, mas não
esclareceu que outras alterações admite fazer à proposta
original, que tem como principais medidas as que são contestadas pela central sindical.
Esta sexta-feira o Governo fez saber, através de uma nota
enviada à agência Lusa, que a ministra do Trabalho convocou a UGT para uma
reunião na próxima terça-feira.
"Apesar da realização da greve geral que interrompeu o
processo negocial que estava em curso, a ministra do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social convocou hoje, um dia a seguir à greve geral, a UGT para uma
reunião na próxima terça-feira, às 17h, para prosseguir as negociações”, lê-se
na nota citada pela agência de notícias.
UGT espera que Governo negoceie "sem traves mestras imutáveis”
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