Apesar de reconhecer os progressos na redução do abandono escolar precoce, o TdC alerta ainda que Portugal, mesmo que próximo da meta europeia, continua em 21.º lugar entre os 28 países da UE.
O Tribunal de Contas (TdC) alertou hoje para fragilidades no sistema de recolha de dados e de monitorização do abandono escolar precoce, sublinhando que não é possível conhecer os números reais, num relatório hoje divulgado.
No documento, que resulta de uma auditoria ao abandono escolar, o TdC reconhece os avanços no combate a este problema, recordando que entre 1992 e 2019 a taxa de abandono escolar precoce passou de 50% para 10,6%, aproximando-se da meta europeia de 10%.
No entanto, aponta problemas ao nível da recolha de dados sobre o fenómeno e da sua monitorização, que afetam a fiabilidade da informação sobre o abandono escolar e, consequentemente, a eficácia de quaisquer medidas para o seu combate.
Um dos problemas apontados na auditoria está, desde logo, relacionado com a definição do conceito de "abandono escolar precoce" que, não estando consolidado, permite diversas interpretações.
"A inexistência de uma definição unívoca e inequívoca de abandono e de risco de abandono, aplicável em todo o sistema educativo, dificulta o registo e reporte das escolas quanto ao enquadramento e tipificação das diversas situações dos alunos, compromete a fiabilidade dos dados e impossibilita o seu tratamento apropriado", lê-se no documento.
Essa fiabilidade dos dados é, por outro lado, fragilizada pelo facto de os mecanismos de controlo de matrículas e de frequência apresentarem falhas.
Segundo a auditoria, a forma como o controlo de matrículas, em particular, está montado, possibilita situações de crianças que nunca tenham ingressado no sistema de ensino, por não haver um cruzamento de dados entre diferentes entidades, ou de alunos que não estando já a frequentar a escola se mantém ativos nos sistemas de informação do Ministério da Educação.
Além destas áreas, acrescenta-se que não existe um mapeamento a nível central, que integre todas as regiões e que permita fornecer informação tempestiva, uma vez que no caso das escolas privadas se verifica um desfasamento de cerca de seis meses.
O TdC identificou ainda problemas ao nível dos indicadores utilizados para medir o abandono escolar precoce, sublinhando que no sistema educativo nacional não existe um indicador específico e que mesmo as taxas utilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística são insuficientes.
"Não conhecemos, assim, os reais números do Abandono em Portugal, frustrando quer a implementação eficiente das medidas preventivas e de recuperação dos alunos em abandono ou em risco de Abandono, quer o direcionamento adequado do financiamento", conclui a auditoria.
Sobre as medidas concretas do Governo, o relatório reconhece esforços através da implementação de medias de combate ao abandono e ao insucesso escolar, mas aponta que nenhuma estratégia foi formalizada para agregar e avaliar as medidas e refere falta de transparência ao nível da orçamentação.
Neste sentido, e de forma a mitigar os obstáculos sistemáticos, o TdC deixa uma série de recomendações, como a definição "clara e inequívoca" do abandono e dos seus indicadores no sistema de ensino nacional, e o mapeamento do fenómeno, com detalhe a nível nacional, regional e local.
Recomenda-se ainda a definição de uma estratégia de combate global, a implementação de sistemas de controlo e de informação eficazes e a promoção da transparência no Programa Orçamental, com a disponibilização de informação sobre o montante reservado a esta área.
No relatório, apesar de reconhecer os progressos na redução do abandono escolar precoce, o TdC alerta ainda que Portugal, mesmo que próximo da meta europeia, continua em 21.º lugar entre os 28 países da União Europeia.
Face ao contexto atual da pandemia de covid-19, o TdC aponta a possibilidade um agravamento do insucesso e do abandono escolar, em particular entre os alunos mais vulneráveis.
Tribunal de Contas diz que não é possível conhecer números reais de abandono escolar
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Através da observação da sua linguagem corporal poderá identificar o tipo de liderança parental, recorrendo ao modelo educativo criado porMaccobye Martin.
Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.