"Era inevitável que existisse restrição do acesso a cuidados saúde devido à pandemia", disse o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) defendeu hoje que "a redução brutal" no acesso aos cuidados de saúde por parte de doentes com outras patologias sem ser covid-19 não deve ser encarada como "uma fatalidade".
"Era inevitável que existisse restrição do acesso a cuidados saúde devido à pandemia, mas esta matéria não deve ser encarada como uma fatalidade, ou seja, não devemos aceitar esta redução brutal no acesso a cuidados de saúde como algo que não pode ser mitigado", afirmou Alexandre Lourenço, na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi também ouvido o bastonário da Ordem dos Médicos (OM).
Na audiência, a APAH e a OM, que criaram o Movimento Saúde em Dia, em parceria com a Roche, divulgaram dados sobre a atividade assistencial que ficou por fazer nos primeiros 10 meses deste ano face ao mesmo período de 2019.
Segundo os dados apresentados por Alexandre Lourenço realizaram-se menos nove milhões de contactos presenciais médicos e de enfermagem nos centros de saúde e menos 2,7 milhões nos hospitais, onde se realizaram menos 18% de primeiras consultas, menos 21% de cirurgias programadas, menos 10% de cirurgias urgentes e menos 27% de episódios de urgência.
Para Alexandre Lourenço, seria importante verificar-se a distribuição regional destas limitações para que fosse possível apresentar medidas concretas por região.
"Tememos efetivamente que as regiões mais periféricas sejam mais afetadas por estas limitações de acesso a cuidados de saúde, incrementando os problemas que temos de equidade geográfica no país", sublinhou.
Advertiu ainda que na sequência desta crise sanitária, se vive uma crise económica e certamente estes problemas vão ser agravados para as populações mais desfavorecidas que não têm capacidade para aceder a outros prestadores de cuidados de saúde sem ser o SNS.
Para o presidente da APAH, "faz todo o sentido" que o Governo e autoridade de saúde realizem "campanhas específicas" para as pessoas irem aos serviços de saúde e, por outro lado, priorizarem áreas específicas, em que se está a verificar mais morbilidade na população, nomeadamente nas doenças crónicas (diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crónicas) e de saúde mental.
"Os recursos são escassos, mas faz sentido que possam ser direcionados para algumas patologias", apelou.
Por outro lado, deve apostar-se "na capacitação da verdadeira telemedicina e não nas chamadas telefónicas".
"Não é uma matéria de desvalorizar o Serviço Nacional de Saúde ou de não reconhecer toda a capacidade e todo o mérito que existiu, mas mais poderia ser feito se tivesse melhor organização, melhor antecipação, melhor planeamento e equipas de gestão operacional no terreno a trabalhar estas medidas como aliás veio a ser reconhecido no famoso plano de inverno que atualmente está obsoleto", salientou.
Lembrou que o plano, apresentado em final de setembro, anunciava a criação de uma 'task force' para os doentes não-covid sobre a qual não há notícias, mas foi constituída uma para o plano de vacinação contra a covid-19.
"É tempo e é urgente que exista uma resposta planificada para os doentes não covid porque caso contrário, face a todos os condicionalismos que estamos a viver hoje, continuaremos a verificar, infelizmente, que muitos portugueses vão ficar para trás particularmente os mais frágeis e os têm mais dificuldades de acesso a cuidados de saúde", alertou Alexandre Lourenço.
Na audiência, o bastonário da OM acrescentou que estão a ser adiados casos prioritários que normalmente precisam de cuidados intensivos.
"Para darmos capacidade aos doentes covid que têm exercido uma grande pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, obviamente que estamos a adiar alguns casos e alguns deles obviamente são prioritários", disse Miguel Guimarães, salientando que há uma parte dos doentes que ficaram para trás e que o SNS está a tentar recuperar eventualmente com a ajuda dos setores social e privado.
Contudo, existe um "conjunto muito grande de doentes que não têm rosto", que não chegaram a entrar no sistema, porque os profissionais dos centros de saúde estão maioritariamente com tarefas covid, que "limitam o tempo para aquilo que é a sua função essencial que é continuar com a porta totalmente aberta" porque "os cuidados primários são a principal porta de entrada no SNS".
Nesse sentido, os dois responsáveis apelaram para que os profissionais dos centros de saúde sejam libertados das tarefas ligadas à covid-19 para que possam prestar cuidados de saúde essenciais.
Para Miguel Guimarães, é "fundamental" que o investimento no SNS "aconteça agora" e não "daqui a um ano ou dois ou três porque caso contrário a recuperação destes doentes será muito difícil".
"Redução brutal" no acesso a cuidados de saúde não deve ser encarada como "fatalidade"
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