Um estava no Semanário, outro era um primeiro-ministro tão minoritário – “uma insuficiência terrível” – como o de 2024. O Presidente releu o texto e diz que a situação é “muito diferente” da de hoje.
No dia 27 de fevereiro de 1986, Cavaco Silva recebeu em São Bento uma dupla formada pelo editor de política e pelo presidente do conselho de administração do jornal Semanário, para a sua primeira grande entrevista à imprensa como primeiro-ministro. O seu governo, minoritário, tinha acabado de fazer 100 dias – tomara posse a 6 de novembro de 1985. E os dois entrevistadores eram Marcelo Rebelo de Sousa e António Pinto Leite. Vê-se uma cassete suplente para o gravador em cima da mesa. A primeira pergunta pode ser considerada simpática – mas refletia a realidade, na medida em que a popularidade do governo parecia já alta, apesar do pouco tempo de vida: “O senhor primeiro-ministro e o seu governo estão com um prestígio muito grande, revelam as sondagens. Como explica esses resultados?” E Cavaco elogia – claro – o seu executivo: “Talvez porque o governo decide e as decisões vão ao encontro do que o povo espera do governo.” Cavaco, que obtivera 29,87% dos votos em outubro de 1985, explicita de forma aberta a consciência de que só sobreviveria se governasse bem e tivesse consigo o correspondente apoio popular. E aí surgem perguntas sobre governabilidade que talvez pudessem ser hoje para Luís Montenegro:
Quando Marcelo entrevistou Cavaco Silva (e como o Presidente vê hoje as respostas)
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
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