Jorge Lacão considera que foram violados os "princípios basilares do Estado de Direito"
O PS vai abster-se nos projectos dos outros partidos sobre o enriquecimento injustificado ou desproporcionado, mas defendeu que, tal como estão, atentam a "princípios basilares do Estado de Direito", têm fins "populistas" e de "cultura de estado policial".
A intervenção de apresentação da iniciativa do PS pelo deputado Jorge Lacão ficou marcada pela violência das críticas dirigidas contra os projectos dos outros partidos, nomeadamente da maioria PSD/CDS-PP.
"O grupo parlamentar do PS estabeleceu como orientação viabilizar, na generalidade, por abstenção, o conjunto dos demais projectos apresentados. Vai fazê-lo em nome de um empenhamento genuíno em contribuir para um resultado positivo do presente processo legislativo. Mas fica o aviso: no final do processo só poderá votar favoravelmente soluções conformes com os princípios matriciais do Estado de Direito", declarou.
Jorge Lacão afirmou que o PS não acompanha orientações que, "em sede criminal, continuam a comprometer o princípio da presunção de inocência", que implicam o "confisco por decisão administrativa, mesmo sem prova provada da prática de ilícitos criminais" ou que "constroem um bem jurídico meramente formal e com natureza ideológica".
Segundo o deputado socialista, se o projecto da maioria fosse lei, tal como está, "os critérios de valor constitucional da necessidade, da adequação e da proporcionalidade e os princípios da subsidiariedade e da proibição do excesso em direito penal passariam a letra morta".
"Que repúdio deste atentado a princípios basilares do Estado de Direito, não haveriam de exprimir homens como Sá Carneiro, Menéres Pimental ou Mário Raposo", questionou. O deputado socialista argumentou que está em causa a "instrumentalização do direito penal como arma de arremesso ao serviço de meros fins populistas e de afirmação fácil no combate político".
Para Jorge Lacão, está em cima da mesa que "todo e qualquer cidadão, independentemente da suspeita em relação a concretas actividades delituosas, face a indiciada desconformidade de rendimentos e bens, possa ser submetido a procedimentos de investigação e prevenção, antes sequer da abertura formal de inquérito e da constituição de arguido, sem prazo".
Os procedimentos, "além de incluírem a quebra do sigilo bancário e fiscal, admitem o recurso aos regimes agravados de protecção especial de testemunhas, das acções infiltradas, da gravação da voz e da imagem por qualquer meio", defendeu.
"É esta uma resposta necessária, adequada, proporcional e compatível com o estatuto de protecção dos cidadãos ou é esta uma resposta que convoca a cultura do estado policial atrás de cada pessoa, tornada suspeita, e nem sequer, necessariamente, da prática de um ilícito criminal do catálogo?", interrogou. Por outro lado, Jorge Lacão argumentou que "agravar descontroladamente sanções penais por causa das responsabilidades políticas representa a maior confissão do fracasso de idoneidade no funcionamento da democracia".
"Haverá limites para fazer de um agente político um potencial bode expiatório das insatisfações colectivas? Haverá limites para este tipo de populismo, que já nada tem a ver com a promoção dos valores da transparência e da confiança mas tudo tem a ver com uma corrida louca para o suicídio da credibilidade das instituições democráticas?"
PS abstem-se mas critica projectos de outros partidos
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.