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Portugal no topo do investimento em Moçambique

14 de julho de 2015 às 11:42
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O Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique revela que Portugal teve nos primeiros três meses do ano 22 projectos aprovados no valor de 55,9 milhões de dólares

Portugal foi no primeiro trimestre de 2015 o terceiro maior investidor externo em Moçambique, mantendo a sua posição nos últimos anos entre os países que mais apostam na economia moçambicana, mas, em contrapartida, as exportações têm vindo a descer.

 

Segundo dados do Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique a que a Lusa teve acesso, Portugal teve nos primeiros três meses 22 projectos aprovados, no valor de 55,9 milhões de dólares (50 milhões de euros), após ter fechado 2014 na quarta posição do "ranking", com 336 milhões de dólares (300 milhões de euros) em 2014, quase o dobro dos 171 milhões registados em 2013.

 

Apesar de ter diminuído de 168 para 98 o número de projectos aprovados, Portugal teve em 2014 o seu ano mais representativo desde 2009, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e da Embaixada de Portugal.

 

O investimento directo português em parceria com capital moçambicano aumenta os valores para cerca de 420 milhões de dólares (380 milhões de euros) e dispara para um total de 854 milhões de dólares (771 milhões de euros), somando-se os empréstimos e suprimentos.

 

De acordo com os dados mais recentes do CPI, no primeiro trimestre deste ano, a maioria do investimento português (45,5%) foi aplicado no sector da indústria, seguido dos serviços (30%) e dos seguros (14,5%), e concentrou-se no sul do país, nas províncias de Maputo e Cidade de Maputo.

 

A lista do primeiro trimestre, num total de 500 milhões de dólares (451 milhões de euros) é liderada pela Espanha e pela China, embora juntas representem apenas oito projectos, contra os 22 de Portugal, que se mantém principal criador externo de emprego, com 28 postos de trabalho por cada milhão de dólares investido contra uma média de 13 de todos os restantes países.

 

Nos últimos dez anos, o investimento português em Moçambique foi de 1,5 milhões de euros, que gerou 44 mil postos de trabalho, segundo a Embaixada de Portugal em Maputo, e, só nos últimos cinco, mais de metade desse valor foi aplicado por um grupo de 12 empresas, na banca, construção, agricultura, energia e serviços, cujos representantes estiveram na semana passada reunidos num jantar com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

 

Um único projecto florestal, liderado pela Portucel com participação do Banco Mundial nas províncias de Manica e Zambézia, representa 2,3 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros) e sete mil postos de trabalho, num dos maiores negócios fora da indústria extractiva em Moçambique.

 

O ano de 2014 foi porém afectado por um arrefecimento do forte crescimento da economia moçambicana, em torno de 7% nas últimas duas décadas, em resultado das eleições gerais de Setembro e da instabilidade política e militar com a Renamo, principal partido de oposição, além da queda da cotação internacional das matérias-primas, deixando em pausa o sector do carvão e atrasando os grandes investimentos no gás. E atrás deles está toda uma cadeia de outros sectores.

 

Se os dados do investimento português em 2014 apontam para um forte crescimento também é verdade que uma elevada fatia do total é atribuída a um único projecto, na central termoeléctrica de Buzi, província de Sofala, e sem o qual os números não teriam descolado.

 

As exportações portuguesas para Moçambique, por seu lado, mais do que duplicaram nos últimos cinco anos para 318 milhões de euros em 2014, mas este é frequentemente apontado como "um ano para esquecer", de acordo com vários agentes económicos no país africano, a que a queda de 2,5% de venda de bens face a 2013 parece confirmar o abrandamento da economia africana.

 

Embora haja actualmente mais de três mil exportadores para Moçambique, mais do dobro em relação a 2009, o país africano tem um peso modesto nas vendas globais de Portugal, apenas 0,6%, ocupando a 19.ª posição e é quase irrelevante como fornecedor, com 0,06% do total e o 64.º lugar na soma de todos os países.

 

Portugal, por sua vez, é o sexto maior fornecedor de Moçambique, com 4,79% do total, e ocupa a mesma posição como cliente, com 2,59 por cento.

 

Para Moçambique Portugal vende sobretudo máquinas, metais comuns, produtos alimentares e químicos e recebe crustáceos, açúcar e tabaco.

 

Outra diferença assinalável encontra-se no grau de intensidade tecnológica no comércio de bens, que é média ou alta na maioria das exportações portuguesas e baixa nas importações de Moçambique.

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