A Ordem dos Médicos está a analisar uma queixa contra o clínico António Peças, que foi afastado do INEM por alegadamente se ter recusado a transportar doentes, na sequência de uma denúncia anónima. Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, confirmou à Lusa, o assunto está nas mãos do conselho disciplinar do Sul da Ordem - a queixa, explicou, chegou à Ordem há "algum tempo", tendo o assunto sido remetido para o órgão que pode decidir abrir um processo disciplinar.
A investigação da OM foi assumida depois de a Procuradoria-geral da República confirmado a existência de um inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal de Évora, que se encontra em investigação e sem arguidos constituídos.
No início da semana, o Observador divulgou uma reportagem que dava conta de que o médico António Peças, médico cirurgião do hospital de Évora e faz também trabalho para o INEM, foi afastado deste último depois de ter, alegadamente, simulado uma doença para não transportar um doente, enquanto se encontrava numa corrida de touros, num caso que remonta a outubro de 2017.
Um doente de 74 anos sofreu um traumatismo de crânio com uma extensa hemorragia subaracnóidea traumática. O hospital decidiu transportar o homem por helicóptero para o Hospital de São José, em Lisboa, onde uma equipa de neurocirurgia aguardava o doente. O transporte acabou, contudo, por não se concretizar porque o médico alegou sofrer de uma gastroenterite, revela a denúncia anónima que terá sido entregue no INEM. O doente seria deslocado para Lisboa por ambulância dos bombeiros, acompanhado não por um médico, mas por um enfermeiro.
Ao Observador, o médico-cirurgião garantiu que não seria o médico oficial da corrida tauromáquica e que apenas tinha passado na Arena de Évora antes do espetáculo para emitir um parecer de segurança para falta de um médico oficial. Uma reportagem fotográfica da página dedicada à tauromaquia Toureio.pt mostra António Peças no espaço entre a arena e as bancadas, debruçado sobre a vedação e assistindo a uma tourada.
Esta quinta-feira, o jornal digital divulgou outros dois casos que o INEM terá investigado e em que o médico António Peças terá, alegadamente, mostrado resistência em transportar doentes. No primeiro caso, quando acabou por aceitar realizar o voo já não foi a tempo de o cumprir – a mulher de 37 anos piorou, o estado não permitiu nenhuma viagem e acabou por não resistir à rutura de um aneurisma. No outro caso, recusou mesmo realizar o transporte de um idoso de 82 anos, encaminhado pela Via Verde AVC, e que tinha uma janela temporal de seis horas, para iniciar o tratamento que teria lugar no Hospital São José, em Lisboa.
Segundo confirmou à Lusa uma fonte do INEM, em fevereiro de 2018 foi endereçada uma queixa anónima sobre António Peças à Ordem dos Médicos e à Inspeção-geral das Atividades em Saúde, com conhecimento ao INEM. Entretanto, o INEM abriu uma investigação interna no final de fevereiro do ano passado e o processo acabou por ser concluído em dezembro.
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