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PCP "mordeu o isco" lançado do Governo e quer ser o líder da oposição. PS anseia por um desgaste ainda maior do Governo. O que ganha cada um com moção de censura debatida hoje?
Bruno Ferreira Costa, professor na Universidade da Beira Interior, é da opinião que não existe um único partido da oposição que tenha interesse em ir a eleições legislativas. Em primeiro lugar porque há dois processos eleitorais próximos (as eleições autárquicas e as eleições presidenciais) e em segundo porque as sondagens não fazem prever uma conjuntura favorável aos partidos da oposição.
O politólogo refere ainda que a destituição do Governo na sequência de uma moção de censura "permitira a Luís Montenegro a vitimização em função da queda do Executivo". "Analisando a história nacional vemos que o eleitorado castiga os partidos que derrubam o Governo", sublinha o professor universitário.
Bruno Ferreira Costa é ainda da opinião que Pedro Nuno Santos tem razão quando afirma que o Partido Comunista "mordeu o isco" do Governo ao apresentar a sua moção de censura. "De facto o Governo nunca anunciou a moção de confiança, mas deu-o a entender quando Luís Montenegro disse que não governaria sem a confiança dos partidos da Assembleia da República. Mas sabia que provavelmente com uma moção de confiança não conseguiria votos suficientes para se manter, mas o que vimos é que a moção de censura não será votada favoravelmente", sublinha.
"Desta forma, com a apresentação da moção de censura, o Governo escusa-se a apresentar a moção de confiança. De facto o PCP mordeu o isco por querer liderar o coletivo de partidos que pode derrubar o Governo, mas que provavelmente não terá sucesso" e acrescenta que assim o PCP consegue fazer frente ao PS dizendo que é um partido que serve de muleta ao PSD e "isso é muito importante principalmente em ano de autárquicas". "O PCP quer defender as suas 19 autarquias, até porque metade dos autarcas estão em fim de mandato, e assim consegue criar a narrativa de ser a oposição aos interesses do centralismo", explica.
Ferreira Costa conclui dizendo que neste momento não é o interesse pelo bem-estar nacional que move os partidos, mas sim o jogo de poder. "O que as várias posições mostram é que é o jogo partidário que domina a política em Portugal e não o superior interesse da sociedade."
O professor universitário considera ainda que o PCP não demonstrou incoerência ao chumbar a moção de censura apresentada pelo Chega há duas semanas, apresentando agora uma nova moção de censura. "Na verdade, o PCP foi o único partido que não votou contra a moção de censura do Chega, tendo-se abstido. No discurso que levou à Assembleia da República, o partido referiu que havia muitos motivos para censurar o Governo, até mais do que aqueles apresentados pelo Chega, simplesmente não considerava os do Chega merecedores do voto favorável", sublinha. Ferreira Costa vê mesmo na apresentação desta moção de censura uma análise que os comunistas fizeram das "explicações ou ausência delas" para o que motivou a primeira moção de censura.
Moção de censura ou confiança?
O Governo apontou para a possível apresentação de uma moção de confiança. O PCP respondeu com a apresentação de uma moção de censura. Qual a diferença entre estes dois mecanismos capazes de fazer cair um Governo?
"Aprovar uma moção de censura ou chumbar uma moção de confiança leva à queda do Governo em ambos os casos. O que difere é saber quem fica com o ónus em cada um dos casos", considera Ferreira Costa.
"Se Luís Montenegro arriscasse uma moção de confiança seria um passo quase suicida porque sabe a posição do PS relativamente a uma jogada como essa", começa por analisar o especialista em ciência política que lembra que existe, no entanto, um joker no baralho. "O que nunca se consegue controlar é o posicionamento do Chega. É um partido altamente volátil na tomada de posições que já anunciou que ia votar favoravelmente a moção de censura do PCP e entretanto já disse que se abstinha."
A decisão do PS
O Partido Socialista anunciou que iria votar contra a moção de censura e apresentou uma comissão de inquérito a Luís Montenegro e à sua empresa familiar. Bruno Ferreira Costa vê nesta decisão a continuação da estratégia delineada no Largo do Rato pela liderança pedro-nunista.
"Pedro Nuno Santos e o PS de Pedro Nuno Santos estão amarrados a uma estratégia que acreditam ser aquela que vai permitir ao PS voltar ao poder e que é assente em duas linhas: a de um desgaste efetivo do Governo - e para isso precisam de mais tempo de governação com mais casos, mais polémicas e mais remodelações que tombem ministros - e a de cavalgarem vitórias eleitorais", sintetiza o professor da UBI. Pedro Nuno Santos conseguiu uma vitória nas eleições europeias, mas vêm aí dois exercícios eleitorais que podem dar um novo fôlego ao líder socialista. "PNS só quer ir a eleições com uma vitória nas autárquicas e uma vitória nas presidenciais", acredita Bruno Ferreira Costa que prevê uma vitória nas autárquicas, porém ainda não consegue descortinar a estratégia dos socialistas para as presidenciais.
"Não nos podemos esquecer que Pedro Nuno Santos já foi a eleições legislativas uma vez e perdeu. E não quer ir a eleições para uma segunda derrota porque significa o fim da linha de Pedro Nuno Santos na liderança do PS", prevê o especialista dizendo que na política nacional duas derrotas são suficientes para um movimento dentro do PS tentar substituir o líder.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
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