Durante a deslocação, Augusto Santos Silva vai reunir-se com representantes dos portugueses e luso-descendentes residentes na Venezuela, uma comunidade estimada em meio milhão de pessoas, além de manter contactos com as autoridades locais e responsáveis da sociedade civil.
"A situação que a comunidade portuguesa vive na Venezuela exige uma atenção muito próxima por parte das autoridades governamentais", disse aos jornalistas o chefe da diplomacia portuguesa, sobre a visita.
Além disso, o governante pretende ter "uma melhor informação das dificuldades e também das oportunidades que vive hoje o pequeno e médio empresariado da comunidade".
As relações bilaterais também estarão em destaque na visita, durante a qual o ministro será recebido pelo seu homólogo, Jorge Arreaza, na segunda-feira, co-presidindo no mesmo dia à XI Comissão de Acompanhamento Luso-Venezuelana, acompanhado pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.
"A Venezuela é um parceiro económico importante de Portugal na América Latina. Já foi mais, é agora menos, mas nós esperamos que volte a ser mais", comentou Santos Silva.
Nesta reunião da comissão mista, Portugal pretende "contribuir para a identificação de problemas e procura de soluções nas relações contratuais entre empresas portuguesas e entidades empresariais ou públicas venezuelanas, e vice-versa".
O Governo português pretende levar o problema de prazos de pagamento e de fornecimento de uma empresa portuguesa fornecedora de pernil de porco, depois de o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ter acusado Portugal de sabotar a importação deste alimento típico das festividades natalícias.
"A Venezuela é um país de enormes potencialidades, o povo venezuelano é muito querido dos portugueses e que muito quer os portugueses. A comunidade portuguesa está muito bem integrada na Venezuela e portanto, na nossa opinião, é muito simples: é preciso encontrar uma solução política, que é essencial para que as dificuldades económicas e sociais sejam ultrapassadas e que todas as enormes potencialidades do país sejam aproveitadas", considerou Santos Silva.
Durante a deslocação a Caracas, o ministro deverá ainda reiterar a posição da União Europeia face à actual crise política, social e económica, e que já levou à imposição de sanções à Venezuela.
Santos Silva revelou que esta sexta-feira falou com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, para trocar informações sobre este tema.
"Incentivamos o processo de diálogo" em curso entre o Governo e a oposição, disse o ministro, recordando que a UE defende "uma solução política, fundada em quatro princípios": libertação de todos os opositores detidos -- realçando o "gesto muito positivo tomado pelas autoridades venezuelanas no fim do ano e que beneficiou um cidadão português e um cidadão luso-descendente"; o "respeito integral das competências próprias da Assembleia Nacional"; a "procura de um calendário eleitoral em que todas as partes se revejam"; e a disponibilidade da Europa para "apoiar o desenvolvimento económico e social da Venezuela, se for esse o entendimento desse país".
A visita inicia-se este sábado com encontros de Santos Silva com a embaixadora da União Europeia na Venezuela, a portuguesa Isabel Pedrosa, e com o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino.