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Médio Oriente: Montenegro defende moderação e diz-se estupefacto com posição do PS

Lusa 16 de outubro de 2024 às 12:26
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"Quando nós somos aqui atacados de forma tão veemente pela extrema-direita e ao mesmo tempo pela extrema-esquerda sobre a nossa posição, isso significa uma coisa: nós estamos no centro, nós estamos na moderação", afirmou o primeiro-ministro sobre a possibilidade de reconhecer a Palestina.

O primeiro-ministro defendeu esta quarta-feira, 16, que a posição do Governo português quanto ao conflito no Médio Oriente é de "equilíbrio e moderação" e confessou-se "até um bocadinho estupefacto" com os argumentos do PS, mas também do PCP e do BE.

Lusa

Luís Montenegro assumiu estas posições no debate preparatório do Conselho Europeu, na Assembleia da República, depois de ter sido questionado por todas as bancadas sobre esta matéria, com PS, BE ou PCP a pedirem o reconhecimento imediato do Estado da Palestina e o Chega a apelar a uma defesa mais firme de Israel.

"Quando nós somos aqui atacados de forma tão veemente pela extrema-direita e ao mesmo tempo pela extrema-esquerda sobre a nossa posição, isso significa uma coisa: nós estamos no centro, nós estamos na moderação, nós nem estamos num extremo nem estamos no outro, é o primeiro grande sinal daquilo que é o equilíbrio da posição portuguesa", afirmou.

O primeiro-ministro reiterou que, sobre o conflito no Médio Oriente, o executivo PSD/CDS-PP segue a linha "que vinha dos governos anteriores" de defesa da solução dos dois Estados.

"Eu até fico um bocadinho estupefacto quanto, por exemplo, o PS, mas também o PCP e o BE - que foram cúmplices da governação entre 2015 e 2022 - nunca os vimos com esta veemência durante esses anos e já havia conflito no Médio Oriente e já havia tensão e já havia tentativa de reconhecimento do Estado palestiniano", disse.

Antes, o deputado do PS João Paulo Rebelo tinha perguntado ao primeiro-ministro quando é que Portugal vai reconhecer o Estado da Palestina.

"Ninguém compreende que se preconize a solução dos dois Estados mas apenas reconhecemos um", criticou.

Ao contrário do que está previsto no Regimento para os debates europeus e, segundo o presidente do parlamento com o acordo das bancadas, o primeiro-ministro respondeu hoje em conjunto às perguntas dos nove partidos (e não um a um), de forma a poder participar na Cimeira da União Europeia-Conselho de Cooperação do Golfo, que arranca às 14:00 de Bruxelas (13:00 em Lisboa), gastando 25 minutos dos 40 disponíveis na intervenção final.

Montenegro recordou que foi já com o Governo PSD/CDS-PP que Portugal votou favoravelmente, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o reconhecimento da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas e manifestou a concordância com a criação de um grupo de trabalho, ao nível da União Europeia, "que prepare um posicionamento comum de todos os Estados Membros" com vista ao reconhecimento do Estado da Palestina, considerando que tal é "uma solução equilibrada".

"Esse equilíbrio nós vamos mantê-lo, condenando todos os atropelos aos direitos humanos, venham eles do lado de Israel, venham eles do lado do Hamas, venham eles do lado do Hezbollah e venham eles do lado do Irão, porque alguns daqueles que reclamaram aqui uma posição tão firme relativamente a Israel não tiveram nem têm uma posição firme relativamente aos ataques terroristas - que são terroristas - do Irão", frisou.

O primeiro-ministro frisou ainda que o Governo português foi "o primeiro governo a nível internacional a condenar Israel pelas declarações que proferiu a propósito do secretário-geral das Nações Unidas", o português António Guterres.

"Quando nos instam a sermos diligentes, sinceramente, nós não temos sido outra coisa que não isso mesmo. Até relativamente à utilização do nosso espaço aéreo e marítimo para a comercialização de armamento, temos tido posições que nenhum outro governo antes de nós tinha tido", defendeu.

O conflito do Médio Oriente acabou por dominar o debate preparatório do Conselho Europeu, mais do que as questões relativas à Ucrânia ou à competitividade da União Europeia.

Pelo BE, a coordenadora Mariana Mortágua desafiou o Governo a exigir o fim do acordo da UE com Israel - tal como o Livre -,e a não ser "cúmplice de um Governo genocida", com a líder parlamentar comunista Paula Santos a pedir o reconhecimento imediato da Palestina, idêntica posição à da deputada única do PAN, Inês Sousa Real.

Já o deputado do Chega Ricardo Dias Pinto acusou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, de nesta matéria ter "uma argumentação próxima da extrema-esquerda", enquanto o parlamentar do CDS-PP João Almeida disse ser importante reconhecer "o direito de Israel se defender de organizações terroristas".

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