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Incêndios em Portugal. Autoestradas cortadas, pessoas retiradas e uma "situação complexa"

Com o País em alerta máximo até quarta-feira, a Proteção Civil esclareceu que a atual situação "não está fora de controlo, mas é muito complicada". Eis o ponto de situação de Norte a Sul.

A última informação prestada pelo comandante nacional de Emergência e Protecção Civil,André Fernandes, às 13h desta segunda-feira, dava conta de que até às 12h30 se somavam em todo o País 36 incêndios em curso, mobilizando 2.179 operacionais, apoiados por 645 meios terrestres e 32 meios aéreos.

ESTELA SILVA/LUSA

O mais recente balanço da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), às 16h20, dava já conta de 4.612 operacionais no terreno, aos quais se juntavam 1.400 meios terrestres e 43 meios aéreos para fazer face às 160 ocorrências registadas.

No total, os fogos já provocaram 18 vítimas, incluindo seis agentes da Proteção Civil, nove feridos ligeiros, dois graves e um operacional que morreu em Oliveira de Azeméis no domingo. Este número viria a ser alargado esta tarde com mais quatro feridos registados em Albergaria-a-Velha.

Segundo o comandante, a ocorrência mais complexa era a do incêndio de Oliveira de Azeméis/Albergaria-a-Velha, na qual estão envolvidos 554 operacionais, 188 veículos e "uma cadência constante de quatro meios aéreos". A esta, juntam-se Castelo Branco (em fase de resolução), Sever do Vouga e Penalva do Castelo, regiões que estão a mobilizar 1.745 operacionais, 543 meios terrestres e 22 meios aéreos.

No total, a situação obrigou à retirada de 70 pessoas e há registo de várias casas consumidas pelas chamas, nomeadamente em Albergaria-a-Velha, onde se totalizam 20 imóveis atingidos, bem como zonas comerciais, avança a RTP. Já em Cabeceiras de Basto, há registo de três habitações afetadas. Francisco Alves, presidente da Câmara, afirmou que a situação é "muito complicada", mas "já foi pior".

As últimas informações dão também conta de casas consumidas pelas chamas em Águeda. "Temos casas atingidas e um bombeiro ferido, da corporação de Águeda, e neste momento [às 15h20] são zonas críticas com fogos ativos Macinhata, Soutelo e Serém", disse o autarca Jorge Almeida à Lusa. Jorge Almeida esclareceu ainda que os imóveis atingidos não não só edifícios devolutos, mas também algumas habitações permanentes na Freguesia de Macinhata do Vouga, em Serém, Cavada Nova, Sernada e Jafafe.

Outra situação a merecer destaque é a do incêndio na zona de Gôve, em Baião, que deflagrou na manhã desta segunda-feira e que nesta altura se encontra descontrolado. A Proteção Civil municipal fez um alerta à população, que deve estar atenta à evolução do fogo e, caso seja necessário, abandonar as casas.

Na última hora registaram-se ainda novas ocorrências nos distritos de Braga (Basto, São Clemente), Lisboa (Torres Vedras, Ramalhal, Sintra, Cascais e Estoril), Aveiro (Santa Maria da Feira, São Paio de Oleiros), Beja (Ourique, Monte dos Álamos) e Viana do Castelo (Arcos de Valdevez, Frades).

As chamas levaram também ao corte de diversas estradas. Na lista de autoestradas cortadas estão a A1 (entre a zona do Carvalhos e Coimbra Norte); a A25 (entre Reigoso e o nó da A17 ou nó do Estádio de Aveiro); a A17 (entre o Nó de Mira Norte e Aveiro); a A43 (entre Gondomar e Gens); a A29 (entre Estarreja e Angeja no sentido Norte-Sul); a A32 (na ligação à A41 no sentido Norte-Sul).

Na lista de outras vias interditadas, há cortes a registar no IC2 (entre Águeda e Travanca); na EN16 (entre Cacia e Albergaria), na EN 16-2 (entre Albergaria e Alquerubim) e na EN 109 (entre Estarreja e o nó com a A25). Outra via afetada é a Linha Ferroviária do Oeste, que por esta altura circula com atraso significativo, especialmente no troço entre as Caldas da Rainha e Torres Vedras.

Em reação, Luís Montenegro já cancelou a agenda desta segunda e de terça-feira. O primeiro-ministro, que tem estado a supervisionar a coordenação do combate aos incêndios, mantém-se em contacto com líderes da União Europeia e parceiros europeus para garantir o apoio internacional necessário ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

"O Governo está plenamente empenhado no combate aos incêndios e o foco exigido pela situação levou o primeiro-ministro a cancelar os compromissos na agenda de hoje e de amanhã", lê-se num comunicado enviado pelo Palácio de São Bento às redações.

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