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ICNF registou 22 ataques de lobos no Planalto Mirandês entre julho e outubro

Foram afetados 113 animais, sendo a grande maioria ovina. No total, morreram 83 animais.

O ICNF revelou esta segunda-feira que no período de 25 de julho a 2 de outubro foram registados 22 ataques lobos no Planalto Mirandês que afetaram 113 animais e mataram 83, na sua maioria ovinos.

ICNF regista 22 ataques de lobos no Planalto Mirandês entre julho e outubro, afetando Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro
ICNF regista 22 ataques de lobos no Planalto Mirandês entre julho e outubro, afetando Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro Matt Cardy/Getty Images

Segundo as contas do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), após questionado pela agência Lusa, neste período registaram-se 22 participações de incidentes que envolveram lobos no Planalto mirandês, nos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro, no distrito de Bragança.

"Nestes incidentes, alguns ainda em fase de confirmação quanto à sua atribuição ao lobo, foram afetados 113 animais, sendo a grande maioria (107) ovina. No total, morreram 83 animais", especificou este organismo ligado à conservação da natureza.

De acordo com o ICNF, "todos os prejuízos causados por lobos são compensados sempre que se confirme, através de perícia, que o dano é efetivamente atribuível à espécie".

"Os incidentes com lobo nesta zona não constituem um fenómeno novo, verificando-se, aliás, uma redução significativa nas últimas duas décadas. Há cerca de 20 anos registaram-se mais de 300 prejuízos anuais nesta área", indicou o ICNF à Lusa.

Para os responsáveis por este instituto público, "esse número reduziu-se drasticamente devido a vários fatores, nomeadamente à diminuição do efetivo de gado ovino (a principal espécie afetada), à menor presença regular do lobo, ao reforço das medidas de proteção dos rebanhos, designadamente com o recurso a cães de proteção de gado, entre outros", indicou na resposta.

O ICNF destaca ainda que o Programa Alcateia, dotado de 3,3 milhões de euros, integra um conjunto de ações destinadas a reduzir a predação sobre os efetivos pecuários e a mitigar o conflito associado.

"Estas ações incluem, entre outras, a melhoria do sistema de indemnização por prejuízos causados por lobo e a promoção de medidas de proteção dos efetivos pecuários face a eventuais incidentes", especificou.

O mesmo programa contempla também iniciativas de informação e sensibilização sobre a importância da conservação do lobo, valorizando cultural e economicamente a sua presença.

"Entre estas iniciativas destacam-se os esforços de envolvimento e informação das comunidades locais e a promoção do reconhecimento da importância ecológica e cultural da espécie", vincou o ICNF.

As proximidades dos ataques dos lobos às aldeias estão a sobressaltar os produtores de ovinos e caprinos deste território transmontano.

Um grupo de pastores do Planalto Mirandês já se queixou que os ataques de lobos ocorridos desde o início do ano são "uma calamidade" e pedem a atuação do Governo para ajudar a solucionar este problema que causa "avultados prejuízos".

Os Pastores dos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro afirmaram que alguma coisa tem que ser feita, que não podem continuar a criar animais que contribuem para economia desta região, e pedem ajuda aos ministérios da Agricultura e Ambiente.

Segundo os pastores, se nada for feito, partem para medidas de luta.

De acordo com ICNF, o lobo ibérico possui em Portugal o estatuto de espécie em perigo, que lhe confere o Estatuto de Espécie Protegida.

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