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Henrique Neto quer uma avaliação técnica rigorosa ao sistema financeiro

O candidato presidencial considera que uma comissão de inquérito parlamentar, como a que foi feita no caso BES/GES, não é suficiente

O socialista e candidato às eleições presidenciais Henrique Neto considerou esta terça-feira que os reguladores e o Governo deveriam fazer uma avaliação técnica sobre os custos e os "erros" do sistema financeiro português para evitar repetir as falhas.

 

À saída da sede do Banco de Portugal, em Lisboa, onde se reuniu com o governador da instituição, Carlos Costa, Henrique Neto considerou, em declarações à agência Lusa, que não foi feito o trabalho de estudo e de análise que se impunha aos "casos" do sistema financeiro português, como o BPP, o BPN e, mais tarde, o BES/GES.

 

"Ainda não foi feita uma avaliação técnica que defina com rigor, por um lado, os custos desses erros, e as responsabilidades, que não foram apenas das próprias empresas, foram repartidas por muitas instituições nacionais", criticou o candidato, sublinhando que esta análise devia ser conduzida pelos reguladores [Banco de Portugal e CMVM] e pelo Governo.

 

Para o candidato presidencial, uma comissão de inquérito parlamentar, como a que foi feita no caso BES/GES, não é suficiente, pois "não são análises rigorosas" e sofrem "os efeitos da luta política dos partidos".

 

Henrique Neto defendeu que uma avaliação técnica poderia "funcionar como vacina, para que não se voltem a repetir os mesmos erros".

 

Rejeitando fazer juízos de valor sobre a forma como actuou a supervisão bancária nestes casos, o militante socialista insistiu que o país "não deve partir para um novo ciclo sem que que tecnicamente fosse feita uma avaliação dos custos que enfrentou e que enfrenta".

 

A Caixa Geral de Depósitos foi apontada pelo candidato como exemplo de uma entidade com falhas.

 

"A CGD teve comportamentos pouco adequados, do meu ponto de vista, que não foram avaliados", destacou Henrique Neto, indicando entre as acções que quer ver esclarecidas, a participação da Caixa em especulação financeira, nas OPA's, ou aceitando como [garantia] colateral acções que hoje estão muito desvalorizadas.

 

Quanto ao Montepio, julga não se tratar de um banco em risco, porque se trata de um caso "que vem logo a seguir a outros casos" em que "se ganhou alguma experiência", referindo que vão acontecer mudanças na administração da entidade bancária.

 

"Eu não teria dúvidas sobre o Montepio", sublinhou.

 

O militante socialista, que anunciou a candidatura a Belém em Março passado, tem mantido reuniões com partidos políticos, associações empresariais, instituições de solidariedade e outras organizações, "para conhecer o estado do país" e "as dificuldades das famílias portuguesas" e mostrou-se preocupado "que se tenha criado a ideia em Portugal de que estão ultrapassadas as dificuldades" e que se inicia um novo ciclo de facilidades.

 

"Os fundos comunitários vêm aí, há sempre interesses para tirar partido da existência de muito dinheiro e eu tenho receio que possam ser repetidos erros semelhantes no futuro àqueles que foram cometidos no passado", alertou.

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