Associação dos Médicos Católicos Portugueses e Grupo de Trabalho Inter-Religioso são contra os cinco diplomas aprovados na especialidade em fevereiro.
Dois movimentos, um de médicos católicos e um grupo inter-religiso, foram hoje pedir aos deputados que "vejam bem o que vão fazer" na lei sobre a morte medicamente assistida na Assembleia da República.
O grupo de trabalho no parlamento que está a discutir os projetos de lei sobre eutanásia fez hoje a audição de membros da Associação dos Médicos Católicos Portugueses e do Grupo de Trabalho Inter-Religioso, que são contra os cinco diplomas aprovados na especialidade em fevereiro.
"Não somos donos da vida dos doentes como não somos donos da sua morte", afirmou o médico Luís Mascarenhas Lemos, que manifestou a "absoluta oposição" aos projetos, argumentando com o dever dos médicos de cumprirem o seu código deontológico e de "minorar o sofrimento do doente".
Aceitar a legalização da morte assistida "seria a morte da própria medicina", avisou.
Se Isabel Moreira, do PS, e José Manuel Pureza, do BE, disseram esperar eventuais contributos destas organizações sobre a lei em discussão, Margarida Neto, médica psiquiatra, considerou que, por uma questão de princípio, "não há melhoramento possível a nenhum dos projetos".
E depois de alertar para o "papel crucial" do psiquiatra num eventual processo de morte assistida, pediu aos deputados: "Vejam bem o que vão fazer."
Da parte do Grupo de Trabalho Inter-religioso, Fernando Sampaio considerou que a despenalização da morte medicamente assistida seria "uma regressão civilizacional" e que "engendraria a ideia na sociedade de que "há vidas indignas e feias", que há pessoas que "podem ser descartáveis" e "abandonadas à morte", como se fossem "os novos leprosos".
E concluiu que, quanto à eutanásia, "a melhor lei é não haver lei".
As divergências entre estas duas organizações e os partidos (à excepção do CDS, que é contra os projetos de lei) foram assumidas pelos grupos parlamentares presentes, mas todos concordaram num ponto: a necessidade de investimento do Estado nos cuidados paliativos.
A Assembleia da República tem em curso o debate da lei para a despenalização da morte medicamente assistida, depois de ter aprovado, em 20 de fevereiro, cinco projetos do PS, BE, PEV, PAN e Iniciativa Liberal, por maioria e na generalidade.
A lei só será aprovada em definitivo após o debate na especialidade e a votação final global no parlamento, dependendo a sua entrada em vigor a promulgação pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O debate e votação da lei, na especialidade e final global, só vai acontecer em setembro, após as férias do verão, dado que até julho estão previstas audições a organizações e especialistas.
Pendente no parlamento está também uma iniciativa popular, assinada por 95.287 pessoas, para a realização de um referendo à despenalização da eutanásia.
Os diplomas preveem que só possam pedir a morte medicamente assistida, através de um médico, pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável.
Propõem também a despenalização de quem pratica a morte assistida, nas condições definidas na lei, garantindo-se a objeção de consciência para os médicos e enfermeiros.
Em 18 de junho, a Ordem dos Médicos informou a Assembleia da República que, se a lei for aprovada, não integrará comissões nem indicará nenhum médico para participar em processos de fim de vida deste tipo.
Grupos anti-eutanásia pedem a deputados que "vejam bem o que vão fazer"
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.