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Greve mantém-se: "Nem um passo atrás", gritam motoristas

10 de agosto de 2019 às 19:06
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A greve dos motoristas de matérias perigosas a 12 de agosto vai manter-se "enquanto não houver resposta da ANTRAM". Plenário de motoristas de matérias perigosas terminou em Aveiras.

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) decidiram hoje manter a greve com início na segunda-feira, por tempo indeterminado, após a realização de um plenário conjunto.

"A greve é para avançar, por tempo indeterminado", afirmou aos jornalistas o presidente do SIMM, Jorge Cordeiro, após o encontro conjunto das duas estruturas sindicais, realizado hoje à tarde em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa.

O SIMM já tinha anunciado que mantinha a greve, após um plenário realizado hoje de manhã em Leiria.

Enquanto vários associados gritavam "nem um passo atrás" no fim do plenário conjunto, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, acrescentou que a greve só vai terminar quando os "valores que foram assumidos inicialmente e rejeitados posteriormente [pela Antram] voltarem a estar em cima da mesa", reiterando que os sindicatos grevistas não vão aceitar nada menos do que os 900 euros de salário base já em janeiro de 2020.

"Tivemos hoje aqui uma associação patronal de pequenas e médias empresas [a União dos Transportadores Portugueses (UTP)], se empresas destas dimensões consideram que estão reunidas todas as condições para se assumir um contrato coletivo de trabalho tal e qual como nós estamos a apresentar à Antram, eu acho que não há aqui um motivo para a Antram não querer aceitar este contrato", disse Francisco São Bento.

O representante do SNMMP afirmou não ter "qualquer dúvida" que os portugueses estão do lado dos motoristas e que por parte de várias classes profissionais e de vários sindicatos que as representam "há uma onde de indignação" em relação aos serviços mínimos decretados pelo Governo, por considerarem que esta situação "pode ser uma cobaia para futuras greves", que, temem os sindicatos, só se poderão realizar nos moldes que o Governo definir.

À entrada para o plenário, o presidente do SIMM já tinha dito que lhe parecia "muito pouco provável" que houvesse um levantamento da greve.

Portugal está, a partir de hoje e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido à greve de motoristas.

À greve convocada pelo SNMMP e pelo SIMM associou-se o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, o que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.

Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo "tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis" para satisfazer "necessidades sociais impreteríveis".

ANTRAM: Manutenção da greve é "derrota" dos motoristas de matérias perigosas

"Aquilo que saiu deste plenário por parte dos sindicatos é uma grande vitória para os seus representantes e uma derrota dos trabalhadores", considerou André Matias de Almeida, daANTRAM, após saber que os motoristas de matérias perigosas tencionam manter a greve no dia 12 de agosto. "O que sai do plenário é a prova provada de que o Governo deve recorrer à requisição civil preventiva."

O SNMMP afirmou hoje que manteria a greve enquanto não tivesse resposta da ANTRAM.  "A ANTRAM não tem resposta para dar quando [motoristas] não apresentaram nenhum documento ao Governo. A Antram está disponível para discutir o que foi negociado. Não há documento assinado, não o revelam aos seus trabalhadores."

"Apelamos a que seja negociado [o acordo] assinado. Não há mais nada que os empregadores possam fazer", defendeu, indicando depois que os empregadores estão a passar pelo terceiro ano seguido de decréscimo de resultados."

A greve de 12 de agosto é "uma greve ao País, e aos portugueses", afirmou. "A ANTRAM lamenta muito o nível do conflito laboral."

Segundo a ANTRAM, o proposto aos sindicatos é o "maior aumento da História desde o 25 de abril". "Ao longo de todas as reuniões, o sindicato negociou com postura de chantagem."

Ministro apela à "gestão criteriosa" de combustível pelos portugueses

O ministro da Administração Interna apelou esta tarde a uma gestão "criteriosa da utilização de combustível", a cumprir por todos os portugueses e às "deslocações absolutamente indispensáveis por razões pessoais e atividade económica".

Porém,Eduardo Cabritagarantiu que não faltará combustível: "Não temos problemas de reservas, mas de distribuição." Sobre a intenção de manter a greve, manifestada depois do plenário dos sindicatos de motoristas de matérias perigosas, o ministro disse: "Esperamos que sejam encontradas soluções com a máxima brevidade, para manter a liberdade de circulação e a garantia de serviços fundamentais."

Cabrita defendeu que a segurança estava garantida e recordou que os sindicatos afirmaram que os serviços mínimos iam ser cumpridos. Só em segundo lugar é considerada a resposta dada por GNR, PSP e Forças Armadas.  

O Governo fez um levantamento das necessidades de várias áreas, como Agricultura, Saúde e Segurança Social. Foram indicados veículos que irão receber um dístico produzido pela Casa da Moeda, com um holograma que impede a falsificação. "Temos já 20 mil emitidos pela Casa da Moeda (…) e vamos ter mais 30 mil nos próximos dias."

"Está já ativa a plataforma tecnológica entre a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna e da ANEPC em que qualquer entidade pública ou privada, invocando justificação com entidade beneficiária, pode solicitar o reconhecimento [para aceder à REPA destinada aos veículos prioritários] e a ANEPC tem 24 horas para autorizar ou não o acesso à rede prioritária", explicou o governante.

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