Registaram-se aparentes contradições entre a acusação do Ministério Público e a análise do ex-técnico informático leonino.
A disrupção causada pelo ataque imputado a Rui Pinto ao sistema do Sporting gerou hoje confusão no julgamento do processo Football Leaks, registando-se aparentes contradições entre a acusação do Ministério Público e a análise do ex-técnico informático 'leonino'.
Depois de uma manhã onde foi exposta a fragilidade da rede interna do clube de Alvalade ao nível da segurança de entrada nas caixas de correio eletrónico, grande parte da tarde foi dedicada à análise das tentativas de acesso dos utilizadores em diferentes dias entre 20 de julho e 30 de setembro de 2015.
E foi aqui que começaram a sobressair as contradições entre a interpretação do Ministério Público e a leitura que David Luís Tojal ia efetuando do ficheiro de 'logs' que compilou após a ocorrência do ataque.
Com efeito, o administrador de sistemas disse na audiência que no dia 04 de agosto de 2015 os acessos às caixas de correio de Rui Caeiro, Carlos Vieira ou Augusto Inácio, entre outros elementos ligados ao Sporting, tinham sido conseguidos, enquanto no documento da acusação as mesmas ocorrências eram identificadas como acesso "falhado".
A confusão estendeu-se também ao coletivo de juízes, que tentou repetidamente perceber junto da testemunha se era possível identificar quando é que se deu o 'crash' do sistema de emails do Sporting.
Paralelamente, questionaram ainda se o critério utilizado para a análise significava, efetivamente, que o sistema tinha deixado de responder ou se os utilizadores conseguiam aceder à caixa de correio, mas sem verificar os emails.
"Não há ninguém melhor do que a Microsoft [gestora do servidor] para explicar. Isto são interpretações", resumiu David Luís Tojal, após várias hesitações na análise dos dados. No entanto, não houve dúvidas anteriormente quanto aos efeitos da situação, com o antigo administrador de sistemas do clube de Alvalade a catalogar como "catastrófico".
Perante a dificuldade de explicação de alguns registos do ficheiro por parte de David Luís Tojal, o ex-técnico informático 'leonino' irá voltar a ser ouvido na próxima sessão do julgamento, agendada para terça-feira.
Para o mesmo dia, estão já marcadas as audições de outros antigos membros da estrutura do Sporting, nomeadamente os ex-administradores Alexandre Godinho e Carlos Vieira, e o jurista Sancho Freitas, que integrava o departamento jurídico.
Para 14 de outubro, estão reservadas as presenças das testemunhas Tiago Fernandes, Paulo Silva, José Laranjeiro, Bruno Cardoso e Augusto Inácio. Seguem-se, no dia 15, as audições do ex-presidente Bruno de Carvalho, bem como de Virgílio Lopes, Manuel Fernandes, Rui Caeiro, Soeiro Almeida e Vicente Moura.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
Football Leaks: Quebra do sistema informático do Sporting gera confusão
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