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Football Leaks: PLMJ pediu a advogados para identificarem "informação sensível"

Advogados tiveram que consultar pastas alegadamente acedidas por Rui Pinto, depois de sociedade ter revelado problema na rede.

Os advogados da sociedade PLMJ tiveram de verificar a existência de potencial "informação sensível" nas pastas alegadamente acedidas por Rui Pinto, confirmou hoje em tribunal a advogada Sandra Lopes, na 20.ª sessão do julgamento do processo 'Football Leaks'.

Ouvida na qualidade de testemunha enquanto ex-associada do escritório, no qual trabalhou entre 2010 e 2019, Sandra Lopes revelou também os moldes exatos em que foi comunicada a intrusão no sistema informático da PLMJ, algo sobre o qual a defesa do criador da plataforma eletrónica vinha questionando os advogados há várias sessões.

"Um dia chego à PLMJ e tenho um email que nos devíamos apresentar no auditório. Aí, fomos informados de que tinha havido um problema na rede, que alguns computadores tinham sido acedidos e que nós tínhamos sido os 'eleitos'", começou por dizer, acrescentando: "Saímos dessa reunião com trabalho de casa: ver essa listagem, o que estava nas pastas, e identificar o que poderia ser informação sensível".

Sandra Lopes admitiu inclusivamente que, dentro do escritório, alguns advogados chegaram a sugerir em tom de brincadeira que o autor do ataque teria sido Rui Pinto, mas vincou que o nome do criador "nunca foi referido" e que "eram só suposições" nessa altura. Sobre a reunião no auditório, a advogada apenas garantiu aos advogados do criador da plataforma eletrónica que ocorreu "depois do Natal de 2018, talvez já no novo ano".

Ainda durante a manhã foram ouvidos como testemunhas os advogados Bárbara Correia, Tiago Castro, Duarte Schmidt Lino e Maria João Mata. À exceção de Tiago Castro, especialista em direito imobiliário, que assegurou à procuradora do Ministério Público (MP), Marta Viegas, não ter "nada" relacionado com os universos 'Football Leaks' ou 'Luanda Leaks', os outros três advogados refugiaram-se no sigilo profissional para não responder a eventuais ligações.

Contudo, e depois de alguns dos advogados ligados à PLMJ terem refutado qualquer interesse no conteúdo das respetivas caixas de correio eletrónico, a defesa de Rui Pinto fez questão de confrontar Maria João Mata com uma informação no seu perfil profissional que indicava que tinha lecionado Direito Público angolano, algo que a advogada reconheceu, embora tenha realçado que isso tinha ocorrido "há alguns anos".

O julgamento prossegue de tarde com as inquirições dos advogados Pedro Metello de Nápoles, Diogo Perestrelo, Pedro da Silva, Pedro Melo, Patrícia Mendes, Joana dos Reis, Lin Man e Ricardo Oliveira, todos ligados à PLMJ.

Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

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