"Há uma concordância entre estirpes das 'legionellas' presentes na água que estão numa das torres e as estirpes das secreções dos doentes", indicou, acrescentando contudo que o INSA continua ainda a fazer mais análises. "Podemos com um elevadíssimo grau de probabilidade dizer que foi a água de pelo menos uma das torres que terá provocado o surto, uma vez que a bactéria que estava na água é geneticamente indistinguível à que estava presente nas secreções dos doentes", indicou.
Na quarta-feira, a directora-geral da Saúde tinha afirmado em conferência de imprensa que a fonte da infeção que provocou o surto de doença dos legionários no São Francisco Xavier estava no perímetro do hospital, mas sem especificar se se encontrava numa torre de arrefecimento.
No mesmo dia, a empresa responsável pela manutenção das torres de arrefecimento do Hospital São Francisco Xavier garantiu que as rotinas de monitorização estão ao nível das "melhores práticas" e que são feitas duas vezes por mês. Em comunicado, a Veolia disse lamentar "toda a situação" e apresentou "as suas sinceras condolências aos familiares das vítimas".
"A monitorização contínua é, para nós, uma prática corrente, de forma a mitigar eventuais riscos para os utentes, famílias e pessoal hospitalar", escreveu a empresa num comunicado citado pelo Observador, onde garante que as instalações foram alvo de "procedimentos rigorosos e exigentes".
A empresa garantiu que foram desenvolvidos "todos os esforços colaborativos nos processos de investigação no sentido de apurar, com o maior rigor, o quadro do surto" – e que chamou uma equipa de técnicos internacionais "com a vista a auxiliar no cabal esclarecimento desta situação". A Veolia referiu ainda estar a aguardar "os resultados dos processos de investigação em curso, elementos necessários à melhor definição do quadro deste surto".
Podem surgir mais casos isolados
Segundo Graça Freitas, pelas 18h00 desta quinta-feira ainda não tinha havido novos casos diagnosticados, embora a responsável não descarte o surgimento de mais casos isolados decorrentes do surto. "Por vezes existe algum atraso entre o início de sintomas e a data de diagnóstico. O caso que foi diagnosticado ontem, dia 15, já tinha sintomas no dia 13", exemplificou.
Até ao momento há 54 casos confirmados de doença dos legionários, sendo que cinco dos doentes já morreram.
Há quatro pessoas cuja história clínica não é completamente clara não se tendo ainda a certeza se são casos de infecção por lesione-la quer pertencem ou não a este surto.
Graça Freitas explicou que são doentes que estiveram as imediações do hospital e como tal ainda não se podem descartar por completo deste surto, apesar de as autoridades indicarem que nos dias iniciais não havia condições favoráveis à propagação atmosférica da bactéria. "É muito pouco provável que à volta do hospital tenham ocorrido casos. Mas deixamos estes doentes como possíveis até termos dados laboratoriais", indicou.
Questionada pela Lusa se as autoridades ponderaram nalgum momento o encerramento do São Francisco Xavier, Graça Freitas disse que tal não foi equacionado porque se enviaram de imediato equipas e se "encerraram as torres", tendo sido feitos os tratamentos considerados adequados. "Interrompendo a transmissão possível, encerrando a fonte, o risco deixa de estar presente e não havia motivo, depois da intervenção, para encerrar o hospital", afirmou.
A legionella é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infecção, podendo ir até 10 dias.
A infecção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infecção tem tratamento efectivo.