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Especialistas de 19 países encontram-se no Porto para debater investigação das causas dos incêndios

Lusa 12:19
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A iniciativa decorre até sábado na Faculdade de Letras da UP e conta com académicos, polícias, bombeiros e autoridades florestais.

Especialistas de 19 países estão a partir desta terça-feira reunidos no Porto na 1.ª Conferência Internacional sobre Causas de Incêndios Florestais para "debater a investigação das causas dos incêndios" e como pode ser melhorada para ajudar na prevenção.

Bombeiros combatem incêndio no Porto, onde especialistas de 19 países debatem causas
Bombeiros combatem incêndio no Porto, onde especialistas de 19 países debatem causas Paulo Novais / Lusa

"Vamos debater a investigação das causas, como é que ela é feita, como é que ela pode ser melhorada para que seja mais efetiva a prevenção. Nos incêndios, tudo começa pelas ignições. Se entendermos melhor porque é que surgem as ignições, conseguimos desenvolver políticas mais efetivas para reduzir muitas delas", explicou à Lusa Fantina Tedim, geógrafa e coordenadora da conferência WIC 25.

A iniciativa, que decorre até sábado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, junta académicos, polícias, bombeiros e autoridades florestais para "partilhar conhecimento e identificar aspetos que estão em falta", para os quais é "necessário que a ciência contribua com conhecimento", acrescentou a responsável.

Fantina Tedim assinala que em Portugal "houve uma grande evolução em termos de gestão dos incêndios", mas entende que "pode ir-se mais além" em termos de formação e de utilização de tecnologia na investigação.

"Mas isto não é um problema só de Portugal, isto é um problema que interessa a muita gente. Estão representados na conferência 19 países, com a presença de académicos e de pessoas ligadas à investigação no terreno", observou.

A geógrafa refere que, em Portugal, "a utilização de tecnologia digital na investigação das causas é muito reduzida, para não dizer que não existe".

"Naqueles incêndios que são muito complexos, a investigação das causas, da ignição do local de origem do incêndio e da causa tem que ser feita por investigadores no terreno altamente treinados e que têm muita experiência, porque eles é que efetivamente podem determinar bem qual é a causa do incêndio", descreveu.

Assim, "há muito conhecimento que é preciso adquirir", o que passa por uma "maior aposta na formação e na utilização correta da tecnologia".

"Se tratarmos melhor esta parte das ignições, da investigação, do ponto de origem da causa da ignição, teremos melhor prevenção e menos incêndios no futuro", afirmou.

A WIC25 é uma iniciativa do projeto IGNIT - A investigação das causas dos incêndios: Soluções inovadoras para uma Gestão Efetiva, no âmbito do qual foi feito um inquérito a nível mundial para saber como é feita a investigação das causas dos incêndios e os seus principais problemas e desafios.

Este questionário já foi respondido por 300 investigadores e a "falta de especialização dos investigadores" das causas das ignições foi o principal problema identificado, tendo os inquiridos apontado que, em geral, "os investigadores fazem várias tarefas e só quando têm tempo é que investigam as causas das ignições".

Defendem, por isso, que os incêndios mais complexos têm de ser investigados por "investigadores com experiência" e "graus elevados de especialização".

Os inquiridos apontaram ainda a "falta de recursos humanos e de acesso às tecnologias digitais para suportar uma investigação mais efetiva", bem como a ausência de partilha de informação entre organizações.

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