Em causa estarão os movimentos financeiros do empresário. À SÁBADO, César Paço diz que vai aguardar serenamente o desenrolar da investigação. "Hoje quando soube das buscas perguntei se queriam falar comigo e disseram que não", adiantou.
A Summit Nutritionals, do empresário César de Paço, foi alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ) esta quarta-feira. A Unidade Nacional de Combate à Corrupção deslou-se à sede da empresa, em Cascais, para recolher documentação relacionada com os movimentos financeiros do empresário. Foram também alvo de buscas empresas de venda de automóveis e uma firma de contabilidade. Ao que aSÁBADOconseguiu apurar, estarão em causa suspeitas de corrupção e oferta ou recebimento indevido de vantagem.
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De acordo com as informações recolhidas pelaSÁBADO a investigação teve origem numa denúncia anónima que relaciona a atribuição a César do Paço do cargo de consul honorário de Cabo Verde na Flórida nos Estados Unidos, com a oferta, por parte do empresário, de peças de automóvel e de um outro carro ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde. Contactado pelaSÁBADO, César do Paço desmente a entrega de qualquer contrapartida pela sua nomeação.
Segundo essa denúncia, em agosto de 2020, César do Paço terá prometido a Luís Filipe Tavares entregar-lhe as peças necessárias à reparação de um veículo e oferecer-lhe ainda um Mercedes Benz. As peças terão sido adquiridas no mês seguinte por José Lourenço, um ex-colaborador do empresário que foi responsável pela distrital do Porto do partido Chega. Em novembro, o mesmo José Lourenço terá ido a um stand em Cantanhede para verificar o estado de um automóvel que viria a ser comprado por 32 mil euros e enviado para Cabo Verde. Nas buscas desta quarta-feira, os inspetores procuraram no computador da Summit Nutritionals e nos arquivos em papel registos destas aquisições. O mesmo foi feito nas empresas onde as peças e o automóvel foram adquiridos, bem como nas firmas que tratam das respetivas contabilidades.
Contactado pelaSÁBADO, César de Paço disse ter sido surpreendido pela notícia das buscas de manhã, ao acordar, na sua casa nos Estados Unidos: "Apresentaram um mandado mas não sei qual a suspeita. Pedi à minha advogada para saber o motivo das buscas mas ela ainda não me disse nada."
O empresário adianta ainda que "há cerca de seis semanas a PJ pediu à minha funcionária que fosse prestar declarações. Ela foi lá e tinha a ver com uma queixa anónima sobre Cabo Verde. Eu estive em Portugal até há pouco mais de uma semana, se fosse grave tinham falado comigo. Hoje quando soube das buscas telefonei a perguntar se queriam falar comigo e disseram que não".
César de Paço diz estar convencido de que o processo teve início após a apresentação de uma queixa anónima por parte de José Lourenço, o ex-colaborador que foi responsável pela distrital do Porto do Chega, com quem se incompatibilizou. "É com isto que tenho que lidar desde que conheci este senhor José Lourenço. Ele tentou extorquir-me dinheiro, não conseguiu nada e inventou. É por isso que tenho queixas contra ele em Portugal e no Brasil. Sei que a queixa é dele porque os documentos que enviou para a PJ enviou também para alguém que me conhece e que me fez chegar. Esperava que eu pagasse para não fazer a queixa mas como não tenho nada a temer não o fiz e ele avançou", diz. Ao que aSÁBADOconseguiu apurar, tal como a secretária de César do Paço, José Lourenço foi ouvido pela Polícia Judiciária via telefone, uma vez que se encontra fora do país.
Sobre a alegação de que comprou um carro para o ex-ministro cabo-verdiano Luís Filipe Tavares garante que é falso e que isso já foi provado em Cabo Verde. "A certa altura quis criar uma fundação em Cabo Verde e ia comprar um carro. Com a polémica que estalou lá desisti da fundação, fechei a conta que tinha aberto e pedi a exoneração de Cônsul Honorário. O ministro ficou com o carro e pagou-o com o dinheiro dele. Houve uma investigação em Cabo Verde, que foi arquivada porque se provou que não havia nada".
Segundo a comunicação social deu conta, oprocesso foi arquivadoem dezembro do ano passado por falta de provas. O ex-ministro cabo-verdiano estava acusado de ter nomeado César do Paço como Cônsul Honorário de Cabo Verde na Flórida em troca de um carro topo de gama, avaliado em 45 mil euros.
Para já, diz que vai aguardar serenamente. "Isto já foi investigado. Agora tenho a PJ no meu escritório. Obviamente que não vai encontrar nada porque não há nada para encontrar".
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".